sábado, 29 de junho de 2013

O Assassino Não Sobreviverá

Eu tenho estado tão distante de você, e é uma pena que eu sinto bem dentro de mim. Eu lembro de você constantemente, e até estou fisicamente a um toque de te sentir, mas eu tenho estado tão distante de você, e é uma pena. Você é muito especial, e é uma pena. Acontece que um de nós dois teve que deixar de ser para que o outro sobrevivesse. É estranho pensar que nós temos essa relação, nós que somos independentes, e somos duas pessoas, várias pessoas, mas ainda assim não podemos coexistir. Um de nós teve que morrer pela mão do outro. Um de nós teve de ser abandonado, e é uma pena. Você é muito especial, e eu me tornei apenas mais um. Eu me lembro de você me levar em frente, me direcionar, me mostrar foco, mas ainda assim, você teve que morrer para que eu me tornasse simples, e mundano, e vulgar. Não consigo mais ser diversas pessoas ao mesmo tempo. Me perdoe. Saiba para sempre que você é especial. Lembre-se do significado de "especial". Você é diferente entre tantas coisas vulgares, e eu me fiz à semelhança destas coisas, e é uma pena, mas você teve que deixar de ser para que eu o fosse. É uma pena, mas eu não me arrependo. Ainda assim, eu sinto a sua falta. Existe uma sensação incomparável em me sentir uno outra vez depois de me encontrar disperso no ego, e você me proporcionou isso durante tanto tempo, que eu quase sou capaz de sentir vergonha por te assassinar desta forma. De certa forma, eu sinto essa vergonha; de outra forma, essa é uma vergonha que carrego com orgulho. Te apagar da existência me fez uma pessoa melhor. Ou talvez eu tenha simplesmente aceitado que sou uma pessoa pior. Uma pessoa em singular. Porque eu convivo graciosamente com a ciência de que um de nós teve de morrer para que o assassino sobrevivesse. Eu sou contente na sabedoria de que eu fui o assassino. Espero que você me perdoe.