quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Pássaro Laranja da Felicidade

Cenário: Uma rua da Inglaterra
Personagens: Dois homens ingleses usando pantufas, suéteres, com jeito de lorde inglês e um passarinho laranja
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Em um certo dia ensolarado em nossa alegre cidade Inglesa, eu estava parado em uma esquina, apoiado em um poste, quando vi meu amigo Thomas descendo a rua em minha direção, vestindo suas pantufas, usando seu suéter e fumando seu famoso cachimbo. Em sua mão esquerda levava...bem, na verdade, Thomas não tinha mão esquerda. Quando criança, um jabuti comera-a em um bizarro acidente e desde então ele a substituíra por um gancho. Já em sua mão direita, apertava um pequeno passarinho laranja que berrava.

- Olá Thomas. - eu disse
- Olá James - retrucou ele com seu habitual sorriso cordial.

Como eu não tinha nada para fazer naquela esquina e estava interessado pelo passarinho, decidi seguí-lo e iniciar uma conversação.

- Diga-me, Thomas, por que você não leva o passarinho em uma gaiola?
- Bem, a verdade é que eu não gosto de ver bichos enjaulados. Faz mal para minha auto-estima e perturba meu intestino.
- Pelo menos o passarinho não ficaria berrando pelo modo como você o aperta com força.
- Oh James, como você é tolo! Ele não está gritando, está cantando!
- Não, Thomas, ele está berrando. A prova disso é que ele está bicando desesperadamente os seus dedos. E digo mais, eles estão sangrando.
- Não, não. Ele não está bicando meus dedos e arrancando a pele deles em desespero. Ele deve estar confundindo meus dedos com minhocas!
- Oh sim, faz perfeito sentido, Thomas! E por falar nisso, porque você carrega um tão belo pássaro?
- Bem James, eu decidi que este passarinho será uma excelente companhia para o meu avô.
- Mas o seu avô não morreu na semana passada?
- Sim, é verdade, mas é a intenção o que conta, não?
- Certamente Thomas. E é uma intenção louvável,
- Obrigado, James.
- Agora, me responda mais uma questão, Thomas, como você conseguiu capturar um espécime tão interessante?
- Oh, este passarinho estava em seu ninho chocando seus ovos e cantando sua belíssima canção, que chamou muitíssimo a minha atenção. Roubei o seu ninho e ele veio voando me atacar para defender a sua cria, e foi neste momento que o agarrei.
- Genial, Thomas. E onde você colocou os ovos?
- Bem, levei em conta que o pássaro passaria os restos de seus dias em minha casa, e que os filhotes morreriam de fome. Então, em toda a minha caridade, procurei um mendigo na cidade e entreguei-lhe os ovos, para que ele se banqueteasse
- Excelente plano, Thomas.


Continuamos andando até chegarmos em sua casa. Thomas pediu para que eu abrisse a maçaneta (ele só tem uma mão, lembram-se?) e entramos na casa. Na sala, fiquei surpreso. Ali estava o avô de Thomas, alto, saudável, sorrindo, brilhante.
- Então você empalhou seu avô, Thomas - perguntei
- Oh, não fui eu! Foi o taxidermista!
- Foi um excelente trabalho, de qualquer modo!
- Obrigado James! Suas considerações e bajulações muito me aprazem.
- Pois bem, soltemos o passarinho?
- Sim, claro! Vá, pequenino, vá e voe, faça meu avô feliz!

E o pássaro saiu da mão de Thomas e voou, direto para o avô, pousando em seu ombro e cantando umas breves notas de uma canção. Por um instante, o sol que entrava pela janela aberta da sala pareceu ficar mais brilhante.
E então, o pássaro novamente levantou vôo, cagou na cabeça do avô de Thomas e saiu voando pela janela juntando-se a uma revoada de pássaros laranjas.

Olhei para Thomas. Ele deu um longo suspiro, e disse por final:
- Pegue minha Winchester, James. Hoje valerá mais um pássaro morto do que dois voando.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O Mensageiro

Trilhando meu caminho, por encruzilhadas e guerras, ouço uma voz. Uma voz crítica que me manda olhar para frente, e além das montanhas no horizonte, antecipar-me às batalhas. Mas este é o último pistoleiro; esta é a última arma restante na paisagem, e além dela. Segui em frente, por anos, enquanto meus companheiros iam e vinham, surgiam e caiam, mas no entanto, a voz era minha fiel acompanhante. E segui, até que não pudesse mais seguir. Segui até minhas pernas pedirem arrego; daí, segui um pouco mais. E a voz zumbia em meus ouvidos como uma oração insistente. E assim foi, por dias, semanas, meses - anos, quase uma década. Até que num suspiro, a voz se abrandou, e proferiu: "olha para baixo, pistoleiro, e cura tua visão; olha para ti mesmo, e vê". E vi então, nítido como nunca havia visto, embora ainda ligeiramente turvo. O pistoleiro confirma que não precisa de lentes para sanar sua miopia; precisa apenas olhar para si mesmo, num gesto de reverência, tão perto quanto se pode estar, para se ver todo o horizonte que se precisa.

- Ao som de: Kaddisfly - New Moon Over Swift Water -

terça-feira, 3 de junho de 2008

Passei no Psicoténico

É isso aí, título auto-explicativo. Mais uma etapa vencida na busca da minha Carteira de Motorista.
Está sendo uma jornada foda e escrota.
Foda porque está sendo escrota; escrota porque está sendo foda.
Me matriculei na auto-escola duas semanas depois do meu aniversário.
Na mesma época, dei entrada no DETRAN na renovação da minha carteira de identidade, que tinha expirado a validade no dia em que fiz 18 anos.
Bem, assisti todas as aulas na auto-escola que eram necessárias para fazer a prova escrita. Foram 30 horas da minha vida jogadas no lixo, acordando cedo aos sábados e perdendo tempo em Icaraí.
Jogadas no lixo?
Sim!
Pois o DETRAN filho da puta mudou as regras do jogo, instalando um sistema de identificação de digital nas auto-escolas e todo mundo que não tinha em mãos um determinado papel, o RENACH, irá ter que assistir tudo denovo.
E porquê eu não tinha o RENACH?
Porque não tinha feito a entrega dos documentos no DETRAN.
E porquê eu não tinha feito a entrea dos documentos?
Porque quando eu liguei para marcar a mulher queria a data de expedição da minha identidade, que eu não tinha.
E porque eu não tinha a identidade?
POR CAUSA DA MERDA DO DETRAN!
Agora vou ter que fazer mais 30 horas de aula inútil! (E vão ser 30 horas mesmo! Antes dessa merda de sistema de recolhimento de digital, o professor liberava a turma com 20 minutos de aula quando na verdade deveriam ser 2 horas... Agora com essa merda de sistema, a cada 20 minutos todos os alunos vão ter que fornecer as suas digitais para provarem que estão em sala de aula!!!)

Pois bem. Um dia, cheguei na auto-escola e fui informado que teria que fazer todas as aulas denovo e só poderia começar quando tivesse o RENACH.
Esperei até a identidade ficar pronta, peguei-a e marquei a entrega dos documentos no mesmo dia.
Marcaram para um mês depois.
Um mês depois, compareci com todos os documentos nas mãos, fiz a entrega destes no DETRAN, que é no CÚ DO MUNDO, e ganhei o tão sonhado RENACH.
Contente, fui direto para a auto-escola me cadastrar (¬¬) para poder fazer todas as aulas denovo.
E adivinha? Não poderia começar naquele dia, só depois dos exames médico e psicotécnico.
Peguei o celular e liguei pra clínica marcando o exame.
Só teria horário para uma semana depois. Marquei.

E, chegando lá hoje, bateu um medo. E se eu fosse reprovado naquele exame?
Bem, eu sei que não sou maluco nem nada, mas sempre dá um medo de fazer cagada quando alguém está examinando a sua cabeça.
Medo de surtar e mandar a examidora a merda quando ela perguntar seu nome; ou levantar no meio da prova e fingir que é uma galinha, sei lá.
Bem, foi uma prova tranquila, foi só fazer umas brincadeiras que eu fazia desde criança, uns desenhos e uns joguinhos legais.
Me comportei bem, tentei parecer o mais normal possível e acho que a examinadora considerou muito bom o meu esforço. Só achou engraçado o meu sono pós-almoço (tive que ficar lá no DETRAN das 13h até as 17h!).

Uma coisa engraçada que aconteceu foi que, enquanto a psicóloga aplicadora do teste explicava a importância deste, ocorreu a seguinte cena:
-Psicóloga (para o mazelado atrás de mim): Você veio tirar sua primeira habilitação para moto, não é, meu filho?
-Mazelado: Vim sim, doutora.
-Psicóloga: Então, porque você está com esse capacete na mão? Você sabe que se eu fosse outro instrutor, eu poderia te prender por dirigir sem habilitação, não?
-Mazelado: Poxa doutora, obrigado! Como eu não percebi isso antes? No próximo exame eu venho pra cá sem capacete =D

Depois, na sala de entrevista, a psicóloga elogiou meu desempenho.
No exame médico, percebi que eu enxergo mal com o olho esquerdo. Mas nada que o médico precise saber.

Bem. Finalmente completei essa etapa do psicotécnico!
E, alegre, fui correndo para a auto-escola me cadastrar para poder fazer aula ainda hoje e correr atrás do tempo perdido, e, chegando lá, adivinhem?
Só posso começar a auto-escola 48 horas depois do psicotécnico, que é quando os dados já vão estar na rede...
Maldita burocracia ¬¬

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OBS: Desmontamos a árvore de natal daqui de casa hoje. Eu gostava de vê-la montada o ano inteiro, era engraçado imaginar que esse ano eu conseguiria fazer com que ela ficasse montada até o natal (ano passado consegui mantê-la até abril). Bem, meu pai teve uma reunião de negócios aqui em casa hoje e eu tive que desmontá-la =[
O lance é agora é preparar a decoração de festa junina e ver até onde aguenta...

domingo, 1 de junho de 2008

Álvaro "Babá" Lins e os 40 ladrões

Certo dia, no distante país da Arábia, cavalgavam pelo deserto do Saara Álvaro Babá e seu cruel bando de 40 ladrões, que aterrorizavam toda a população do lugar.
O grupo se denominava "Os Deputados Selvagens".
Chegaram em frente à sua caverna e deparam-se com a porta mágica desta. A porta mágica, chamava-se "Juiz Corrupto" e falava.

Juiz Corrupto disse:
"Abra-te Sésamo".

E assim Àlvaro Babá fez, abrindo uma brilhante mala azul e dourada, recheada de notas verdinhas.

A porta rapidamente se abriu, dizendo: "Bem-vindo ao lar."

E assim, os Deputados Selvagens entraram em sua caverna, obviamente denominada "Câmara dos Deputados".

Mas então, uma moça muito esperta, a "Polícia Federal", bolou um plano: Ela escolheu o amiguinho mais merda dos Deputados, um garotinho, e secretamente começou a investigar os podres daquele pequeno filho da puta.

Descobriu finalmente o que precisava pra botar Álvaro Babá e seu terrível grupo para sempre na cadeia.

Numa tarde, quando os 40 deputados passeavam pelo deserto e Álvaro Babá ficava na caverna lavando seu precioso dinheiro, Polícia Federal chegou e com uma ferramenta, o "Grampo Telefônico", impediu que Juiz Corrupto se move-se, prendendo Álvaro Babá lá dentro.

O povo da Arábia entrou em festa. Finalmente um dos bandidos foi preso! Quem sabe consigamos prender os outros? Viveremos em paz e prosperidade, viva!

Porém, Álvaro Babá era muito esperto. Com sua lâmpada mágica, ligou para os 40 ladrões e disse: "Me tirem daqui, seus filhos da puta, senão os próximos são vocês!"

E assim, os Deputados foram voando em um tapete voador até a caverna e disseram para a Polícia Federal:

"Álvaro Babá é um membro dos Deputados Selvagens! Ele mora na Caverna e tem Imunidade Parlamentar! Ou seja, ele não pode ser preso, só se nós quisermos! Liberte o Álvaro!"

E assim, a Polícia Federal teve que retirar as acusações, abrindo espaço para o Juiz Corrupto liberar Álvaro Babá.

Os Deputados Selvagens comemoraram! A operação de resgate foi um sucesso! E também, eles quebraram todos os recordes de velocidade e de sem vergonhice! Nunca antes na história da Arábia um Deputado Corrupto fora solto tão rápido! A Polícia Federal, desiludida, foi chorar às margens de um Oásis. Os Deputados Selvagens viveram felizes para sempre...


E é por isso que a Arábia não vai pra frente...

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OBS: Isso é tudo uma obra de ficção, com personagens fictícias em um país fictício. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência, até porque uma situação absurda e escrota como essa jamais ocorreria no Brasil, terra de Deputados honestos, com mães muito batalhadoras.