sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Mudança (Na Casa Das Moscas)

Tirei a madrugada de hoje pra reler alguns textos do nosso primeiro mês de Blog da Insônia. Uma experiência agradabilíssima, devo dizer. É legal ver o quanto amadurecemos, tanto eu quanto o Smokey, como pessoas e escritores. Como maturamos estilos peculiares, criamos identidades particulares, e desenvolvemos esse blog que é nosso reduto. Pelo menos, o meu reduto; meu pequeno pedaço de paz. Me lembrei de estar no colégio quando o Smokey surgiu com a idéia de começar um blog; do processo de criação do nome que daríamos à nossa criatura; de escolher meu pseudônimo e receber pouco depois uma ligação no meu celular procurando o Oráculo, quase morrendo de espanto em seguida, enquanto me perguntava que hacker filho de uma puta teria descoberto a porra do meu telefone celular pelo blog.
Avançando um pouco em nossa cronologia, revisitei cenários que um dia vivi, e exprimi por essas palavras. Registrado neste pequeno domínio na Internet estão algumas das minhas crises emocionais, grande parte das minhas empreitadas com o sexo oposto (que em raras vezes puderam ser chamadas de "romances", e não "tiroteios"), o progresso de minha banda, vestibulares, vícios: tudo isso esculpido no mármore mais belo que pudemos apresentar ao mundo exterior. E comecei a refletir comigo sobre o quanto esse blog me faz bem. Muitas foram as vezes em que tive vontade de atear fogo ao mundo e esse blog me forneceu uma válvula de escape, ou me fez refletir melhor sobre a situação, quando não ambos - vide post anterior. Algumas situações teriam terminado em tragédia não fosse a existência desse blog, e mesmo que algumas tragédias tenham sido transmitidas por ele nesses curtos cinco meses de nossas vidas, a balança pende pro lado positivo. E não posso esquecer, é claro, de mencionar a felicidade que me traz ver meu esforço literário apreciado. É lisonjeante, no mínimo.

Portanto, mesmo sem qualquer motivo conciso, celebro por este post o próprio blog em que ele se encontra nesse momento. Que venham muitas noites insones na frente do computador!

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Meu post de amanhã promete.

- Ao som de: I, Robot - The Answer -

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Miséria

Caralho, não passei pra UFF. Tirei 44, onze acertos a mais que a nota de corte, e não passei pra segunda fase. Tomar um tiro de escopeta no estômago o teria revirado menos do que saber dessa porra. E agora eu estou BEM puto. Resultado? Insônia, meus amigos.
Pra que diabos eu fui escolher Medicina? Eu nem gosto dessa merda! Eu não ligo a mínima se o cara na minha frente - aquele com o tubo de PVC atravessado na omoplata - vai viver pra contar a história de como ele quase morreu e foi salvo por um estagiário simpático pros netos ou não. De fato, eu não poderia ligar menos; só pensaria em ir pra casa e tomar um banho pra me lavar dos resíduos da morte rotineira. Claro, isso tudo, se eu tivesse passado pra merda do curso que eu não gosto na UFF.
O que me emputece mais é que eu poderia passar fácil. Era só estudar um pouco. Literalmente um pouco: coisa de duas horas por dia, estourando. Mas não, o idiota aqui não estudou o ano todo, e agora, na última semana, correu atrás. Acho que não aprendi a falhar e a conviver com isso. Com certeza, isso explicaria muita coisa.
Mas pra que eu ia estudar? Eu não queria essa porra de vida. Pelo contrário: eu quero uma vida. Ser médico não é viver; é se sacrificar. O Martírio do Santo Eu. Quero chegar na merda da minha casa, num subúrbio fedorento e recém-invadido pela violência urbana da metrópole, dar um beijo nos meus filhos e na minha esposa e assistir TV enquanto o dr. House vive a vida infeliz dele, ao mesmo tempo em que penso "que bom que o imbecil do outro lado da tela não sou eu". Não nasci pra ser gavião engaiolado, como disse uma vez um amigo.
Seria mais fácil se eu soubesse exatamente o que quero. Mas o que eu quero é viver de arte. E arte não alimenta outra coisa, senão o espírito indomável do artista e o desejo afável do apreciador; não a fome aplacável das sete horas da noite. Não me vejo fazendo qualquer outra merda senão isso, e acho que nesse ponto, eu me fodi. Dizem que a vida é grande, e que erros são esperados e podem ser consertados; mas um ano é tempo demais pra se jogar fora. Acho que descobri isso tarde demais. Minha esperança agora é a UFRJ, aonde felizmente (ou "infelizmente", se esse post fosse datado de três dias atrás) eu optei por prestar pra Imunologia e Microbiologia, e isso, meus amigos, eu amo DE PAIXÃO. Tanto quanto música bem pensada; tanto quanto surrealismo e subjetivismo literários; tanto quanto aquela tempestade desgraçada. Chegar à essa conclusão me tranqüilizou bastante...
Não sei o que quero, apenas o que não quero, mas morro de raiva por não conseguir o que não quero ter. É, eu sei, eu sou patético.

"Fumaça" não é a palavra certa, mas é a primeira que me vem à cabeça.
Tenho a impressão de que a palavra certa é "dezenove".

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- Ao som de: The Blood Brothers - Devastator -

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

O Segredo de Destro

Eu sussurrei em seu ouvido: "tema-me, querida, pois sou a Morte. E eu vou tomar tudo que tiveres até não sobrar mais nada. Eu vim para arrancar o coração do Cupido; eu vim para lhe tirar o fôlego".
E uma hora antes, eu batia em sua janela, enquanto via-a através de grossas gotas túrgidas de chuva sulfúrica.

Demônio gotejante de Sol, que arranhara meus olhos, és minha vítima agora. E acima de um mar de rosas, seu nome entoarei quando a jornada chegar ao fim.

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- Ao som de: The Dillinger Escape Plan - The Running Board -

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Fera política

Andréa seria a moça perfeita. Educada, formada em direito e amante da boa literatura, parecia saber tudo sobre tudo e podia levar uma conversa por longas boas horas sobre qualquer assunto: Moda, cinema, futebol... Andréa só tinha um pequeno probleminha: não conversava sobre Política. Isso ela debatia, discursava, proferia. A jovem líder e fundadora do PSCR (Partido Socialista Cristão Renovador) era uma fera por debaixo de seus calmos óculos e encantador sorriso.
Naquele dia particularmente quente, Andréa estava mais selvagem do que nunca. As eleições se aproximavam e essa seria a primeira oportunidade do PSCR, um partido novo e que começava a ganhar adeptos, de eleger um de seus membros. A maior aposta de todos era a própria Andréa, que concorria à governadora. E naquele dia, participaria de um debate aberto em uma praça bem no centro da cidade.
A jovem estava ansiosa. Nervosa não, ela nunca ficava nervosa, sabia ter a frieza de um cirurgião quando discursava. Mas ela sabia que aquele dia certamente podia decidir as eleições e que além disso, dividiria o palco com Antônio Conceição, grande fazendeiro e seu maior oponente. Ela não podia perder aquele debate.
E enfim chegou a hora de subir no palanque. No topo, olhou a multidão barulhenta que cercava o palanque. Viu diversas bandeiras do PSCR, o que lhe fortaleceu os ânimos. Virou-se para seus 3 oponentes e apertou-lhes a mão, dando e recebendo os seus mais belos sorrisos cínicos. Sentou-se e ouviu a multidão silenciar. O debate seria iniciado com cada candidato apresentando as suas propostas, para depois ocorrer o debate propriamente dito. Andréa seria a terceira a falar e Antônio o quarto.
A moça se divertiu enquanto via seus dois fracos oponentes discursando. “Não são problema”, pensou. Na sua vez de falar, Andréa criticou ferozmente políticos tradicionais, prometeu melhores condições de saúde, educação e tudo o mais que ela desejava fazer. Uma enxurrada de aplausos e assobios. Sentou-se e ao fazê-lo, Antônio, ao seu lado, chamou-lhe. De dentro de uma pasta, tirou uma foto e mostrou-lhe. Era uma foto antiga, da época em que Andréa ainda era líder do movimento estudantil de sua cidade. Mostrava-a sendo presa por invadir e depredar uma grande multinacional com seus colegas. Ele disse, com um falso sorriso:
-Detesto ter de mostrar isso, mas política é política, afinal.
Ele se levantou e se dirigiu à multidão. Ao fundo do palanque, a foto apareceu ampliada. A multidão entrou em rebuliço. Antônio com certeza ia ganhar o debate caso Andréa não tivesse se posto de pé, levantado a blusa e tirado o sutiã. A multidão se calou, esqueceu-se de Antônio. E depois explodiu em palmas. Aquele debate estava ganho. Política é política, afinal.

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Primeira redação da escola que o professor me dá nota 10! Postei isso porque o pessoal disse que eu não podia deixar de postar isso aqui, que a redação era a cara do Blog, portanto...

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OBS: Fiquei segurando o post só pra dizer, acabei de ver Eurotrip na Globo! Finalmente, depois de longos anos, consegui!!
Que vontade de voltar para a Europa T_T....

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" 5 centavos?! Eu me demito! E vou abrir meu próprio hotel!"

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O Número Do Qual Nada Bom Pode Vir

Domingo, fiz a prova discursiva da UFRJ. E pela segunda vez, um sorriso me invadiu o rosto quando vi estampado na parte frontal de cada um dos três cadernos de resposta o número 19. Curiosamente, o meu ka deu uma guinada depois dessa prova. Engraçado pensar que isso tudo foi só um sigul; que há uma semana, eu estava tendo um momento péssimo, e agora tudo parece dar certo. Só não vou - e não posso - criar trilhões de novas esperanças. Afinal de contas, o ka realmente é um filho da puta irônico, e isso tudo parece muito dezenove.

- Ao som de: Streetlight Manifesto - What A Wicked Gang Are We -

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Fazer ou Morrer

Como o Smokey postou aqui, já posso sair da minha pequena greve não-anunciada.

E como ele mesmo já disse, o vestibular tá acabando com a vida de todo mundo, inclusive a nossa. Acreditem se quiserem, mas perdi o sono de ontem pra hoje pensando em como estou fodido pra fazer prova discursiva de Química. Tá certo que estou recuperando o tempo perdido, e em uma semana já me sinto dez vezes mais preparado do que antes, mas será que é o suficiente? Será que vou perder mais um ano fazendo essa merda de vestibular de novo? E principalmente: pra que diabos eu fui resolver prestar pra Medicina, caralho?! Devia ter me contentado com uma merda mais fácil e que eu goste de verdade, tipo Letras.

Justo eu, que estava indo razoavelmente bem até agora exatamente por não me preocupar, vou ficar pilhado pra essas provas escrotas. Beleza, era tudo de que eu precisava...

Hoje eu estudei. What the fuck?!

- Ao som de: Carnifex - Lie To My Face -

Recordações e Reminescências - Parte I (esquisitices)

Eu definitivamente não queria escrever hoje. Queria muito estar dormindo, como eu consegui a algumas horas atrás. Mas não consigo mais agora e decidi honrar minha dívida com o Blog, bem relembrada hoje pelo Oráculo.

Meu grande problema para tudo (até para postar no Blog) ultimamente, assim como o Oráculo é simples, banal, um processo da vida: O Vestibular.

Até o meio da semana passada, eu estava muito bem, agradeço. Mas chegou a hora de fazer as provas que eu tanto ansiei e eu tremi nas bases. Especialmente quando eu devo me aprofundar nos estudos para as segundas fases, o que e REALMENTE temo. Sei que não estou estudando o bastante, nem de longe. Segunda eu fui em um Founde, terça ao cinema, hoje à um rodízio e nem tenho a menor perspectiva de estudar seriamente até o fim da semana.


E o foda é que esses nervosismo está começando a fuder com meu psicológico. Minhas esquisitices estão ficando piores, minhas manias estão ficando mais acentuadas.

Nos últimos dias, voltei à escutar música clássica, coisa que eu não fazia desde os 10 anos de idade (é ótimo, ajuda quando eu tento estudar história), além de ter adquirido os péssimos hábitos de morder minha mão, de fazer minha caneta pular, de jogar jogo da velha sozinho (dá pra ganhar) e de "pensar alto" [sem contar que tenho me sentido carente, igualzinho um milkshake do Bob's]. Eu tento esconder essas coisas e elas seriam até engraçadas, não fosse pelos olhares que as pessoas me dão quando reparam. Eu me sinto realmente imbecil quando alguém repara que eu enchi minha ficha com "X" e "O" sem nem mesmo reparar no que eu estava fazendo.


Mas o pior nem são essas coisas. É a dificuldade no sono mesmo. Eu sei lá, eu durmo à toda hora, mas também fico acordado, alternando entre micro-sonhos e a cama. E todo dia, eu amanheço cansado, e sempre que chega à noite eu começo a ficar fodido de sono. Não importa onde eu esteja, seja num ônibus, em casa ou num restaurante, quando começa a ficar tarde, minha língua começa a ficar presa e nínguem mais entende o que eu digo. Daí minha cabeça fica pesada e cada vez que eu pisco, eu demoro mais tempo para abrir os olhos. Se eu os deixo fechados por mais de 5 segundos, começo a delirar. É como sonhar, só que dá pra abrir os olhos e voltar. O foda é que o sono de vez em quando causa alucinações. Hoje, por exemplo, num ônibus vazio, eu fechava os olhos e via pessoas sentadas nos bancos, piscava e elas não estavam mais lá. Porra, foi realmente surreal. De vez em quando, parece até que eu estou em um navio e as coisas estão se deslocando o tempo todo, se inclinando para a esquerda e para a direita; para a esquerda e direita....


Detesto ter problemas assim. A última vez que eu tive um problema psicológico, eu tinha 11 anos de idade e, após de engasgar com um caroço de pipoca enquanto via "Pokémon, O Filme" com o Oráculo no extinto Cinema Icaraí, fiquei 6 meses apenas me alimentando de sopas e caldo de feijão, com medo de me engasgar caso comesse algo sólido. Foi foda, duro pra cacete. Eu emagreci bastante (eu era bem gordinho), mas se tivesse um "Bolão Pé Na Cova" na minha família, tenho certeza que todo mundo iria apostar em mim.

A minha situação não está nem perto da que ocorreu comigo na época, mas eu sei que se eu continuar nesses ritmo, vou ficar maluco ou paranóico.


Ainda bem que essa porcaria toda vai acabar agora em Dezembro. Espero voltar a dormir normalmente, certamente que sim, pois eu preciso disso. Enquanto isso, vou ter que estudar, porque afinal de contas, eu tenho de fazer isso, não? Todo mundo espera isso e eu não posso decepcionar todo mundo. Especialmente à mim mesmo. Porque eu tenho certeza que caso eu não passe esse ano para a faculdade pública que eu quero, aí sim eu ficarei realmente esquisito. Torço para que não. Para o meu bem e o de todos que andam ao meu redor, afinal, ter um maluco de estimação em casa, apesar de ser modinha nunca é legal ^^



Ao som de: Frederic Chopin Ballade No. 1 in G Minor, Op. 23 ~
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E vem chegando o Vesibular! Ò.Ó!!!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Controle?

Durante toda nossa vida, dia após dia, nos apegamos àquilo que consideramos nosso: objetos, sentimentos, indivíduos. Como um cleptomaníaco, que rouba compulsivamente porque um dia pode precisar dos objetos mais imprevistos, apropriamos-nos dessas coisas e as incorporamos em nossas vidas. Colocamos todos os aspectos de nossas vidas em um microscópio, e admitimos termos controle sobre ela dessa forma.
Mas teremos algum dia controle?
Se nascemos sem qualquer consciência ou posse, e quando morremos, retornamos ao pó de onde viemos, possuímos realmente aquilo que pensamos possuir? Nossos feitos, aspirações, bens; todos os aspectos de nossa vida são passageiros, simplesmente porque um dia, essa vida que construimos e supomos controlar milimetricamente acabará, e dela não levaremos nada. Admitimos ter controle sobre algo que nos será tomado pela própria vida que pensamos controlar, quando, na verdade, não o temos sobre qualquer coisa. Tudo o que chamamos de “nosso” é um bem que pegamos emprestado, e devolvemos na clareira do fim do caminho: sejam posses materiais, pessoas com quem nos relacionamos, desejos, ou mesmo sentimentos. Um dia, perderemos tudo que nos é querido ou odiado, necessário ou dispensável, controlado ou não.
Então, se não possuimos nada, como podemos ter medo de perder qualquer coisa?
Aniquilando o falso sentimento de controle, se elimina o medo da perda, porque o medo é gerado justamente pela perspectiva da perda do controle sobre o que pensamos ser seguro, partindo para um campo de improbabilidades e riscos. Mas essencialmente, o que é um risco, senão o medo de perder aquilo que se tem? E quando se admite a possibilidade de simplesmente não se ter, pode exister risco, ou hesitação?
Não existe. Simplesmente porque não se pode perder o que não se tem. E esse é o maior nível de iluminação que alguém pode alcançar: ver que tudo o que pensamos ter é ilusório, passageiro, e não está realmente em nosso poder. Nossa única posse são nossas próprias vidas, não os aspectos mundanos que entramos em contato durante ela. A única verdade é que tudo que pensamos ter não nos pertence, portanto, não pode ser realmente perdido.
O único controle que se pode alcançar é não ter nada a perder.

"Anemia" não é a palavra certa, mas é a primeira que me vem à cabeça.

Seis dias, e o céu começa a ficar nublado, da cor de fumaça.

- Ao som de: Brookes Brothers & Culture Shock – ReWork -

domingo, 11 de novembro de 2007

Entre O Fim E Aonde Nos Encontramos

Hoje, pretendia fazer um post bonito. Mas não o farei mais. Pretendia colocar aqui um dos mais belos posts que já deram o ar de sua graça nesse blog; contudo, não o farei mais. Eu falaria sobre a prova da UFRJ, que me recuperou as esperanças, e postaria aqui um dos mais belos textos que já escrevi, idealizado durante minha saída da prova. Não o farei. Pintaria num quadro emoldurado na madeira mais nobre que pudesse encontrar sobre meu dia que foi maravilhoso. E não o farei, porque tomaram-me as cores.
Tomaram-me a luz do sol, e eu começo a acreditar naqueles que disseram que ela é um mito. Os que dizem o contrário - que ainda existe esperança, que o tempo vai dizer a verdade, e que um dia, isso tudo vai virar piada em mesa de bar - mentem enquanto te traem com um beijo. A luz do dia, pra mim, se assemelha mais com uma corda amarrada num nó de correr. É essa luminescência verde e dourado que cega, que engana, que tapeia, ilude, apaixona e estrangula. Procuro saídas nessa névoa colorida, enquanto o tempo, tempo, tempo corre e supostamente conserta tudo aquilo que está errado e faz as nossas escolhas e te mata, mata, mata enquanto esperas por ele tolo pois o tempo, tempo, tempo é um filho da puta egoísta que suga sua vida pelos seus dedos e te faz olhar pra pintura final: sua carcaça empalhada numa cadeira de balanço, e meus parabéns, você é o novo velho babaca que o tempo fez de idiota, o imbecil que ele convenceu a esperar, "pois és o senhor de toda razão". És um parasita, um câncer, entidade vil.
E aonde é o fim? Complexo. Tanto quanto "aonde tudo começou", pelo menos pra mim. Existe mesmo um fim? Pra mim, você sempre esteve lá. És um sopro. O sopro de vida pelos corredores de asfalto, o sopro que rege as caravelas e as ventanias, o sopro que falha meu fluxo sanguíneo e seca os olhos. Se tudo que tem um começo, tem um fim, pode algo que carregas contigo desde teu nascimento ter um fim antes do momento de tua morte? Posso algum dia sorrir de verdade, e parar de pensar aonde estarás enquanto o faço? Posso dormir sem pensar que provavelmente pensas em mim, enquanto penso em você, e as nossas vidas andam paralelas, quase se tocando, mas nunca convergindo? No dia em que tiver um câncer, darei teu nome a ele. Continuarás a me consumir, ié, é verdade, mas pelo menos terei-te tão perto quanto desejo. Espero desenvolver um tumor no coração, esse órgão ridículo que não se regenera, mas teima em produzir sua última bolha de oxigênio mirada direto para o cérebro.
Não quero tua mão. Não sou homem de partes, metade, meia felicidade. Quero por completo, ou não o quero. Mas você sabe disso, não é? Ié, sabes bem, e eu o digo. Digo porque sei que sentes aquele comichão filho da puta na base do umbigo toda vez que me vê rogado aos cantos, pranteando tua ausência. Pensando porque teves que me beijar de súbito na porta do colégio naquela noite fodida de quarta-feira. Me torturando ao indigar por que diabos te deixei beijar-me, uma vez por falta de cautela, outra vez por falta (excesso) de sangue frio (calor). Só precisava disso: nunca ter te encontrado, nunca ter ouvido tua voz sair da minha garganta, nunca ter usado as mesmas camisas que você, não ter escolhido os momentos errados para dar todos os meus passos - do primeiro ao último - ou nunca ter dado qualquer passo. Tarde demais. Já é noite, e deves estar em teu quarto, sorrindo, enquanto estou presente em teu pensamento, mas legado ao fundo de tua incapacidade. Ou talvez teus olhos esmaeçam como os meus, como os vi agora há pouco. Se - ó, palavra derradeira, ó, semente da Discórdia! - sentire-os vidrar, contenha-se. A única coisa que fazes é sugar a vida daquele que te ama, mas tu nunca perceberás o que fizeste. Só fazes o que teu sentimento manda, mas teu sentimento é medroso como és, medroso como és de se deixar viver o que te afliges tão certamente quanto a mim. E te dá prazer saber que alguém ainda vai perder os sonhos por tua causa; fique tranquila, contudo. A Insônia perdura, e subjuga e explora. Mas nada cruelmente comparado com a consciência de que meu nome está cravado em cada osso de teu corpo, todos os ossos que lixas na noite parada como água do Oceano por trás dos meus olhos.
Cheguei ao ponto de te implorar. E o faria, se tivesse mais cinco minutos contigo.
Amanhã será segunda-feira, dia 12 de Novembro do ano de 2007 de Nosso Senhor, amém, digam obrigado. Segunda-feira sai o resultado da faculdade que tanto esperei e desejei, e agora espero não passar. Se o fizer, vou simplesmente olhar para meu nome na tela do computador, dar de ombros e avisar à minha mãe que passei pra Medicina, virando de costas enquanto ela exulta. Saber disso me corrói por dentro; interpretar esse papel vai me fazer quebrar.

Te desejaria mil injúrias trancadas num envelope, batendo suas asas contra o sangue na carta.
Mas não lhe desejarei. Peço-lhe, ao invés, que abra teus olhos. Não os que usas pra julgar. Os que deveria usar para enxergar que dentro de teu peito vibra não só o teu coração. Vibra o meu.

Quatro dias, e muito arrependimento.

- Ao som de: Thrice - Atlantic -

sábado, 10 de novembro de 2007

Antes da tempestade

O Oráculo postou aqui embaixo exatamente as causas para o turbilhão de emoções em que nos enroscamos.


Sempre achei que o Vestibular seria uma coisa distante, inconcreta, impossível de chegar. Sempre deixei deveres de casa para serem feitos depois, redações para serem escritas e páginas a serem estudadas, com a desculpa que faria tudo quando o vestibular chegasse.


Caralho, depois de amanhã é a UFRJ e eu nem comecei nada!


Não que eu esteja desesperado. Ainda não. Conversei com meus amigos e cheguei à conclusão que só valerá a pena me desesperar ao ter a prova com o meu futuro nas mãos e receoso de fazê-la. Não posso dizer que vou me fuder. Sempre me dediquei aos estudos (não excessivamente, mas bastante), e não quero porra nenhuma com a UFRJ mesmo.


Mas que comecei a me arrepender de não ter feito muitas coisas esse ano, me arrependi. Queria ter entrado em um curso de redação, principalmente (mais uma decisão que eu sempre adiava para o mês seguinte).


Bem, agora fudeu e não dá pra chorar sobre o leite derramado. Fazer o quê? A UFF, meu sonho de consumo, é na quinta. Até lá, vou ter que pela primeira vez nesse ano estudar como um condenado. Serve como desencarno de consciência, pelo menos.


Pois é. Como diria o grande filósofo Boça: "Cada um com seus problemas, né amiguinho?"





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E hoje lançou Harry Potter 7 (Deathly Hallows) no Brasil, país tropical e atrasado em relação ao resto do mundo. Já li em março e provavelmente nem vou ler a versão em português.


Mas ainda assim, fiz um desenho com minhas cenas preferidas do livro (com o mínimo possível de spoilers).




The Return Of Jafar é Subtitle marca registrada de uma certa pessoa®


P.S.: Por favor Oráculo, não faz spoiler da Torre Negra, tá T_T?



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Só posto agora depois do choque pós-porrada na UFRJ!
Flw!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Domingo, Sangrento Domingo

Domingo é dia de prova da UFRJ. E se alguém conseguir colocar um sorriso no rosto nesse fim de semana, sabendo disso, me ensine como fazê-lo. Pelo menos, vou sair com os amigos depois da prova.
Essa porra de vestibular cisma em destruir a minha vida. Tem uma puta festa rave no dia primeiro de dezembro; o único problema é que o primeiro de dezembro é véspera da prova discursiva da UERJ, e provavelmente, quando começar a prova, eu ainda estaria na rave, dançando como um macaco. Semana que vem é feriado; mas na quinta tem a primeira fase da UFF, e no domingo, a prova da UniRIO. Como se não fosse suficiente, o show do The Police no Brasil, marcando o retorno de uma das bandas mais fodas que já existiu, é na véspera da prova discursiva da UFF.
Somem isso tudo e tenham uma pequena noção do quanto eu gosto de ser pré-vestibulando.
Por outro lado, tem gente que parece que vive por essa merda. Eu tenho certeza que alguns vão sentir um vazio existencial absurdo quando passarem no vestibular: certos indivíduos que foram condicionados a vida toda pra fazerem essas provas e parecem que tem como único motivo de orgulho o resultado do vestibular. Longe de mim criticá-los; pelo contrário, eles passarão, e eu provavelmente vou aguentar mais um ano de estudos pra fazer algo que não gosto tanto. Mas é simplesmente fora da minha realidade. Quase patológico.
E cá estou eu. Queria ter ido tomar uma cerveja, pra clarear meu raciocínio pra prova (piadinhas à parte, vão se foder, com todo o respeito, claro, aqueles que discordarem), mas aparentemente tá todo mundo surtado por causa dessa prova. Queria estar fora de casa, mas estou postando nessa porra de blog. Queria ter uma namorada, mas estou com fama de galinha, justiça seja feita, e todos dizemos obrigado. Queria ter comprado ações da Petrobrás antes deles anunciarem que descobriram a nova bacia de petróleo no litoral paulista, mas continuo ganhando mesada dos meus pais. Por fim, queria pedir paz mundial, e a platéia bate palmas e ovaciona o novo ícone sem qualquer capacidade de raciocínio e a nova imagem a ser copiada pela massa.
Queria parar de reclamar, também.
E queria, de vez em quando, fazer um post que faça sentido.
Quem vai me dizer DEUS-bomba, porra?!

Dois dias.

- Ao som de: Brookes Brothers & Culture Shock - ReWork -

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

O Fim Deste Capítulo

Quase um ano depois de comprar o primeiro volume da série quase aleatoriamente, terminei A Torre Negra. Sinto como se houvesse completado uma missão árdua, tão sofrida quanto a de Roland até a Torre, mas ao mesmo tempo extremamente prazerosa. Sinto que aprendi as lições que ele aprendeu durante sua jornada, e as que deixou de aprender; como se houvesse contribuido para o andamento da história. E sinto saudades, mal tendo terminado o último livro. Sinto a falta do ka-tet do Dezenove como quem viaja e deixa os parentes em casa, mas com a diferença de que nunca vou ouvir novas palavras de qualquer um deles. Só as antigas... Embora as antigas sejam de um valor inestimável.

Nunca vou esquecer A Torre Negra: seus personagens, sua história, suas lições, suas três mil páginas... Os sete livros da coleção seu meu tesouro pessoal, e vou levá-los comigo pro resto da vida.

Ah, e o final é o melhor final de todos tempos. Ponto final.

O homem de preto fugia pelo deserto e o pistoleiro ia atrás.
O pistoleiro ia sempre atrás.

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O ka consegue ser um filho-da-puta sarcástisco quando quer. Às vezes, aqueles que te guardam e protegem são os que te ferem mais fatalmente. Em algumas vezes, te matam ao tentarem te salvar. Te beijam com os lábios alérgicos de um pedido de perdão, os mesmos lábios que sussurram na noite completamente calada. E se eu disser que eu quero isso de que você me priva pensando no meu bem estar? Se eu te disser que essa mesma merda que você enjaulou e cobriu com um pano preto pra facilitar seu sono é exatamente do que eu preciso pra dormir?
Aliás, você dorme? Sempre me perguntei isso, e queria saber a resposta.
Tem algo muito errado na história, mas você continua a escrever a mesma mentira nessas mesmas linhas tortas.

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O guitarrista da minha banda fez um estúdio em casa.
Foda-se o vestibular, eu vou é vender minha música.

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Um dia.

- Ao som de: The Blood Brothers - Ambulance vs. Ambulance -

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

After party

Eu disse que ia comentar segunda, mas minha net é uma merda (segunda-feira não conectou. Ontem caiu na hora que ia postar. Hoje, não estava conectando, aí eu liguei pra Velox e, enquanto o telefone discava, o modem tomou vergonha na cara e resolveu funfar).

Então, vou falar sobre a festa de formatura dos alunos de 2007:
Puta merda, a festa foi foda e Art Final tomou feio no cú.

A decoração por si só já valia a festa, nunca fui em um lugar tão bonito assim. Cara, tinham motherfucking malabaristas dentro de bolhas. Ié, assim é, dentro de bolhas (apesar de parecerem extremamente infelizes, no entanto fodam-se eles, fizessem vestibular =p).

Pontos altos não faltaram.

-Utilizei a festa como pretexto para liberar meu espírito Don Ruan e dei de surpresa um anel de compromisso pra minha namorada (cara, é a primeira vez que eu fui romântico em...meses O_o)

-Dancei pra cacete, tanto com minha garota quanto com meus amigos.

-Fui na tequileira (^^) e fui sacudido

-Fiz uma amiga bêbada passar vergonha ao mandá-la parbenizar um casal de ficantes.

-Dei ordens à Web, o viado da escola: ("Web, tire uma foto de mim e de meus amigos O_O")

-Roubei um chapéu inteiro de balinhas =]

-Inventei mais um passo novo de dança =D


Quanto ao pós-festa, não lembro de muita coisa... =[



-Lembro que o pessoal começou a brincar com facas e espadas (não é brincadeira nem piada ¬¬) enquanto eu tentava dormir....

-Lembro que eu "apagava" de vez em quando e cada vez que eu acordava, aparecia muito mais gente pra dormir no quarto da casa onde eu estava do que o combinado...incluindo o Oráculo!

-E principalmente, lembro de ter passado pasta de dente na cara do Oráculo XD


Porra, essa festa foi foda.

OBS: Finalmente conheci a famosa Calopsita do Celae!



P.S.: A calopsita é a da direita.



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Upei denovo mais algumas fotos da festa via Rapidshare. Mesmo esquema que da última vez, clicar em FREE.

Botei poucas aqui, mas eu tenho mais, só que a maioria minha sozinha ou com minha namorada, o que eu acho que não deve ser do interesse alheio, né =p?

Se alguém não conseguir baixar pelo Rapidshare ou quiser outras fotos, me peça por e-mail: fuintolk@hotmail.com

Prometo que dessa vez eu mando ^^



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P.S.: Terminei de ler o 5º livro da Série "A Torre Negra", o livro "Lobos de Calla". O Oráculo, como diz no post abaixo, já terminou a série. Mas deixem-me dizer: Cacete, que livro foda.

Quando terminei de ler, fiz até um desenho dos Lobos do título, que são cavaleiros mascarados com roupa no estilo Dr. Destino, que usam sabres de luz e tacam bolas explosivas assassinas no formato do pomo de Ouro de Harry Potter.

Ficou tosco pra caralho, e por isso que é lindo.


"Avante pistoleiros! Por Gilead e por Calla!"

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Tempo Se Esgotando

"O homem de preto fugia pelo deserto e o pistoleiro ia atrás". Muita coisa aconteceu desde esta linha, que inaugura o primeiro livro da Torre Negra, "O Pistoleiro", até a página oitocentos do derradeiro sétimo volume, "A Torre Negra". Cresci e mudei junto com Roland de Gilead e seu ka-tet, lendo esse conto épico que já dura quase um ano inteiro de minha vida; cresci e mudei tanto que me parece estranho ter somente cinquenta páginas de pistoleiros, rosas e torres... É como chegar no limiar da vida. Morrer senil. Vive-se anos esperando ter-se muitos outros pela frente, mas um dia, se percebe que não restam mais que cinco minutos, poucas palavras e um último suspiro. O último suspiro do Can'-Ka No Rey.

Talvez eu pareça trágico demais com esse post. Mas quem frequenta esse blog já entendeu que a busca pela Torre e os contos de Gilead fazem parte da minha vida. E vai ser bem estranho não ter mais Feixes a salvar.

- Ao som de: Refused - The Shape Of Punk To Come -

domingo, 4 de novembro de 2007

Essas Coisas

Prós:

- Posei de mafioso de blazer e charuto na boca.
- Dancei como se não houvesse um dia seguinte.
- Cerveja de qualidade.
- Ri demais com os amigos.
- Festa esteticamente muito bonita e organizada.
- Muita mulher bonita, ié, digo a verdade!
- Música eletrônica direto.
- Modéstia à parte, eu tava muito gato ontem.
- Passaram a mão na minha bunda.

Contras:

- Não peguei ninguém. E ainda, de quebra, levei dois vetos.
- Traguei o charuto por estar acostumado com cigarro e quase fui a nocaute.
- Não sentia minhas pernas hoje de manhã.
- Andei metade de Camboinhas atrás de um teto pra me abrigar da chuva.
- Levei um esporro respeitável dos meus pais quando cheguei.
- Choveu pra cacete.
- A tempestade relampajou elegante durante a festa toda e fiquei na fossa metade do evento por conta dela.
- Passaram a mão na minha bunda.

Esse é o tempo da sua vida, mas você simplesmente não sabe.

- Ao som de: Deftones - 7 Words -

sábado, 3 de novembro de 2007

Tempo

Caramba, estamos em Novembro já. Hoje é sábado, e eu tenho festa de formatura do Ensino Médio. Terça-feira, sai o resultado da UniRio; Se eu passar, meus anos de estudo no Ensino Médio acabaram, e eu vou curtir a vida adoidado. Mas porra, Novembro?! Antes de ontem era Maio, e eu terminei o namoro que simplesmente mudou tudo: minha vida, minhas ideologias, até a mim mesmo, como indíviduo. Ontem, foi a volta da minha banda no Convés. E hoje de manhã, eu estava em Saquarema, pegando praia.
Ah, é. Agora tem festa do terceiro ano, e eu vou me divertir horrores. \o/

- Ao som de: Glassjaw - Ape Dos Mil -