quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ode Ao Verão

Se lembra do verão? Dos longos dias de sol? Muito calor, poucas preocupações. E tão pouco tempo. Você se lembra das belas noites de verão? Um tapete de estrelas no céu, tanta vida nas ruas, tantos bailes, e tão pouco tempo. Você se lembra das amizades que fez durante o verão, dos amores sazonais?
Eles morreram, todos eles. O tempo os apagou, como envelhecemos, prematuramente - como o Sol e a Lua, como eu e você. Você não fez questão de mantê-los vivos. E então, por que eu não consigo encará-los?
Se lembra dos últimos instantes de verão? Nossos últimos bons momentos, os últimos minutos de calor. Se lembra o quanto foi bom dividirmos essa página, antes de voltarmos pra casa e percebermos que nossos olhos haviam voltado ao cinza habitual, e que esqueceríamos em muito breve o que significa estar acordado? Talvez por isso me sinta tão gelado. As mais belas histórias ficaram pra trás no seu diário, e à frente, existem páginas brancas que nunca serão tão quentes como aquelas. Tão vívidas, tão tenras. Toda vez que deixo o pânico falar por si, eu vejo como as coisas eram debaixo do sol escaldante do verão. Precisei disso por anos: ter o verão todo ano. Mas vi meus verões cada vez mais borrados, fluidos, esmoecendo na paisagem de um bilhão de nuvens cinzas, no tom dos seus olhos.
Os seus verões mudaram. Não existem amontoações nas ruas, e não existe sol. Não existem os amores, não existe a liberdade e o conforto, não existe nada além de você e sua fundação de pedra negra. Houve um tempo em que enterrar os pés na areia quente era confortável, mas esse tempo morreu com aqueles e as situações que o habitavam. Fazê-lo dói os pés, mas dói mais o coração. Porque ele sabe. Nunca mais se sentirá tão leve como num verão. Tão livre, tão novo.

No seu verão, faz calor pra te lembrar que os invernos são quase glaciais.

- Ao som de: The Sound Of Animals Fighting - Another Leather Lung -

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Oh Mefisto, Live Action

Ok, só fazendo um paralelo irônico, que muita gente já deve ter feito:


Música: Oh, Mefisto
Banda: UDR


"Oh, Mefisto
Oh, Mefisto
Oh, Mefisto, eu estou aqui

Numa igreja cristã o teto cai sobre a multidão
Nada mais divertido do que a morte de um cristão
Eu vejo um cristianita a tentar converter um guerreiro irmão
Acelero o meu Gordini e o atropelo na contra-mão.


Oh, Mefisto
Oh, Mefisto
Oh, Mefisto, eu estou aqui

A luz de Baal acende o satanismo em todo o meu ser
93 maneiras de estragar tudo em que você crê
A sua água benta eu uso para afogar velhos e bebês
Seu deus está morto e ele morreu com a força do 666

Oh, Mefisto
Oh, Mefisto
Oh, Mefisto, eu estou aqui

Um rastro de sangue na porta da igreja Matriz de São José
Crianças decapitadas e um padre que questiona sua fé
Uma freira se masturba com a imagem de Cristo de Nazaré
Madalena se ajoelha para poder devorar seus pés

Oh, Mefisto
Oh, Mefisto
Oh, Mefisto, eu estou aqui

Multidões se unem nas ruas em nome de nosso pai Satanás
Demônios surgem do limbo e golpeiam os anjos de deus por trás
Beatos engasgam em fezes tamanha é a fome voraz
A palavra de ordem agora é Apo Panthos Kakodaimonaz

Oh, Mefisto
Oh, Mefisto
Oh, Mefisto, eu estou aqui

Oh, Mefisto
Oh, Mefisto
Oh, Mefisto, eu estou aqui"

OBS: Sing Along:


E agora...



"Cobertura completa: desabamento do teto da Renascer
Queda ocorreu pouco antes do culto das 19h de domingo (18).Nove pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas.

O teto da sede da Igreja Evangélica Apostólica Renascer em Cristo, na Avenida Lins de Vasconcelos, no Cambuci, Zona Sul de São Paulo, desabou pouco antes do culto das 19h de domingo (18). Sete pessoas morreram ainda no local do acidente e outras duas em hospitais. Mais de 100 frequentadores da igreja ficaram feridos. "


Fonte: G1.globo.com








Bem amiguinhos, é isso aí. O fim do mundo está realmente próximo agora. Hora de começar a fazermos tudo que você sempre teve vontade, antes que seja tarde...


P.S.: Não sou satanista, nem de longe...mas que esses crentes foram Ownados bonito, ah, isso foi...

domingo, 18 de janeiro de 2009

Eu Espero

Eu ouvi dizer que você, assim, como quem não quer nada, perguntou por mim. Logo agora... Justo agora. Eu ouvi você me dizer que "sim", mas era silêncio o que se ouvia quando dei por mim. Agora... Justo agora. Entré nós, o desejo... Entre nós, nosso tempo. Não vá me deixar sem seu beijo, se tudo o que há não é muito mais do que o momento. Quanto mais eu te quero, mais sei esperar. Eu espero...

- Ao som de: Adriana Calcanhotto - Cantada (Depois De Ter Você) -

sábado, 17 de janeiro de 2009

Véu Da Noite

Como ouvir uma música levemente familiar sem se conhecer a letra. Como ver o mesmo filme dia após dia, se lembrar das falas depois da primeira semana. Como o último dia do mês, quando o rolo já tem o seu nome. O seu nome não é mais importante, você é um personagem. Parte de uma história que você não controla. (Como o Sol e a Lua) e o projetor dispara sombras contra a platéia, você não vê mais nada. Te diz mais fechar os olhos do que mantê-los abertos. Exploda em fogos de artifício dentro de seu esqueleto vulgar e veja a moldura esmoecer, a tela se tornar uma porta. Uma pena de alívio pela desvenda mesquinha e (vulgar) cruel. São sombras, são árvores, a espera, angústia, pontos. O jeito como você plana pelo quarto... Como (completos desconhecidos) o vento em essência, uma presença peculiar. Você me pede olhos que eu não posso te oferecer. E eu nunca te neguei nada, nem o que não tenho. (O vento que te veste) eu espero...

- Ao som de: The Dillinger Escape Plan - Baby's First Coffin -

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Eu Atearia Fogo A Mim Mesmo Por Você

Nós podemos manter nossas mentes longe. Nossas mentes estão tão longe daqui, enquanto enterramos nossos dedos na areia, e nossos corpos tocam o gélido mar; é ali que dizemos: "esse é nosso lar". Então tire essas fotos de família da parede. Porque esses não somos nós. Sabemos que não haverá ninguém pra nos levar pra casa. Mas me dê a sua mão, e, juntos, nós andaremos por essas estradas. As estradas mais calejantes. E pro inferno com as suas ruas de ouro. Elas não são mais reais pra mim.

Então por que não pegar as coisas que habitam a sua cabeça e nunca foram ditas e dizê-las em alto e bom som? Talvez assim você as diga o suficiente pra querer acreditar. Como chegamos ao ponto aonde amar se tornou tão amargo?

Eu ainda te projeteria de qualquer coisa, mesmo agora.

- Ao som de The Alchemy - Kevin Arnold -

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

(sem título)

Prefiro acreditar que tudo foi verdade. E que ainda é, mas que apenas não consigo ver como antes. Está tudo apenas coberto por névoa. Não sei direito o que dizer... Não sei nem o que está acontecendo de verdade. Sei que nada mudou pra mim. Nada. Talvez eu esteja mais sóbrio, mas por dentro, não mudou absolutamente nada. Não sai da minha cabeça. Eu continuo tendo as esperanças que eu não teria há pouco tempo atrás. Eu continuo olhando diretamente, e não vendo. Não sei se é porque não quero, tenho medo de ver o que não quero descobrir. Sei que não sai da minha cabeça. Sei que eu ainda te protejeria de qualquer coisa, ainda atearia fogo a mim mesmo por você.

- Ao som de: The Alchemy - Kevin Arnold -

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O Primeiro Caixão do Bebê

Deus, nos proteja. Os corações mais negros emergiram da baía. Arame farpado, polido, um sorriso, truques e travessuras, ela me encara para sempre, e por mais uma eternidade. Ela está pronta, então corte-a de novo, estripe-a de novo (os corações mais negros emergiram da baía). O silêncio nos diz que estamos condenados. Deus, meu Deus, nós fizemos de novo (o silêncio nos diz que estamos condenados). Ela tem uma nova arma nas mãos (Deus, meu Deus, nós fizemos de novo). Você está mentindo, e como poderia achar que eu não descobriria? Você está mentindo, e eu roubarei o espetáculo. Eu estou pronto pra começar (você está mentindo, eu roubarei o espetáculo). O Imperador está morto. Morto, deseje adeus a seus deuses, até mais, abrace a derrota. Você sabe que nós dois concordamos pra isso (o Imperador está morto).
Craveje um diamante nisso, ventania no rosto. Nunca retornar favores leva o homem à prisão. Eu te prometeria o mundo se pudéssemos viajar no tempo. Não desista de mim agora, relaxe, e se lembre da promessa, do sinal. Eu queria que você pudesse se ver agora. Você olha para mim como uma criança. O jeito que você plana pelo quarto, um instrumento de sedução. Deixe estar, Rapunzel. Deixe estar. Espere pelo sinal e me derrube com um sorriso. Se torne o condutor. O jeito que você desliza pelo quarto, a mais bela conexão. O último beijo foi tão bom quanto o primeiro, ou foi só a cena de abertura de uma nova peça? Eu olho para você como uma criança, mas não da mesma forma que você olha para mim.
Mas essa graça já morreu. Agora é a hora de encontrar o criador - "você nunca devia dizer "sim." Essa graça está morta, é a hora de encontrar nosso criador. Se eu não puder te ter, ninguém mais terá. Você nunca devia dizer "sim" quando realmente quer dizer "não".

- Ao som de: Kanye West - Flashing Lights -

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

2009 British Style

Cenário: Inglaterra, casa de Thomas.
Tempo: 2 de Janeiro de 2009


Quando Thomas acordou em 2009, já era o dia 2. Não que ele soubesse disso. Nem que ele conseguisse saber de qualquer coisa. Antes de vomitar na cama, só conseguiu absorver que estava apenas de cuecas. Quando se recompôs, percebeu que o prejuízo do vômito não tinha sido muito grande, pois seu quarto, seus móveis e seu chão estavam vomitados. Rastejou de seu quarto até o banheiro e vomitou novamente, mas dessa vez com dignidade, na privada.
Conseguiu ficar de pé e foi até a sua sala. Reparou que alguém tinha vomitado no seu avô empalhado. Que por sinal, ainda estava com os enfeites de Natal, visto que por falta de dinheiro, e por estilo, Thomas havia decorado o seu avô como se fosse a árvore natalina. Fato grave: Alguém tinha deixado as lâmpadas acesas esse tempo todo. E "esse tempo todo" era relativo, visto que Thomas não se lembrava de ter virado o ano. Sua última lembrança era do dia 31. Mas aquilo era perigoso, podia causar um incêndio e queimar a cara decoração que estava sobre o seu avô. Apagou as luzes e buscou um telefone.
- James? O que aconteceu?
- Ah, olá Thomas. Vejo que você acordou.
- James, porquê estou de cuecas?
- Como? Já se esqueceu do torneio de Krav Magá?
- Torneio?
- Sim, claro! Quem ganhasse ficaria com as suas roupas, já esqueceu?
- Mas James, eu não luto Krav Magá!
- Bem, não é de admirar que eu tenha ganho assim tão facilmente.
- Oh, raios. Detesto ficar de cuecas em público.
- Ora Thomas, não seja modesto. Você se divertiu com menos que isso no Pub.
- Deveras, James?
- Deveras, caro amigo! Esqueceu-se do momento em que subiu pelado na mesa e puxou o hino do Manchester United com todo o Pub?
- Não me lembro com clareza. Mas acredito que nunca mais voltarei lá.
- Ora, não seja modesto! Todos se divertiram! E digo mais: Se você não estivesse se divertindo tanto, eu até teria subido na mesa e te tirado de lá!
- Oh, vergonha minha.
- Não tão embaraçoso como a virada do ano, quando você se atracou nu com um cachorro. Devo dizer, aquilo sim foi realmente embaraçoso.

Thomas parou, pensou e voltou ao seu quarto. Viu um vira-lata deitado em sua cama, lambendo seu vômito. Voltou para a sala, e para o telefone.

- Realmente embaraçoso, James?
- Realmente embaraçoso. Já deve estar na internet à essa hora.

Thomas suspirou.

- Oh, bem. Todos praticam zoofilia mais dia, menos dia. O que se há de fazer?
- Sim, Thomas, aproveitemos 2009! Ah, e a propósito, boas notícias: instalei uma chaleira elétrica no seu avô. Não o desligue, senão você irá estragar o mais maravilhoso chá já feito!

- Oh, bloody hell!