sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Nepal

Eu vim até aqui, de tão longe, carregando tanto peso, pra te contar que eu subi muito alto; que eu escalei o Everest do sucesso, troquei a eternidade pela glória mundana dos homens, e eu descobri que a vitória é um sentimento solitário. Acho que eu pensei que eu chegaria ao topo e encontraria algum reflexo de você a me parabenizar, mas eu só encontrei neve no cume da montanha, e uma sensação terrana de cumprir o dever. Eu vim até aqui com as roupas encharcadas de neve e de chuva para te dizer que eu me senti miserável no topo sem você. Vim até aqui pra te pedir pra não confiar na previsão de tempo quando quiser subir a encosta. Te dirão que viram num documentário que no topo do Himalaia há um Sol para cada um, mas eu vi o alto e eu sei que é mentira. Cada homem tem o seu Sol, e se você não me recebeu no topo, de que me valeu toda o frio e a fadiga? Eu vim até aqui pra te explicar que eu preferia ter parado o tempo no dia que eu decidi buscar a altura. Eu gostaria de voltar àquele momento em que eu te disse que eu escolhi escalar o mais alto pico da mais alta montanha, e me contar o quanto eu me sentiria leviano meses depois de conseguir. Mas você me disse a mesma coisa, e eu não dei ouvidos, então acredito que de nada adiantaria... Eu ainda seria audacioso, atrevido, presunçoso... Eu optei por trilhar esse caminho que nunca me levaria ao Sol que eu busco, e eu optaria novamente se forçado a escolher de novo. Porque você me disse que eu nunca encontraria, , e eu acreditei; e mesmo assim eu busquei, então quem seria capaz de me convencer do contrário, de não você ou eu?