domingo, 4 de maio de 2014

Mudança

Ouvi diversas vezes você me dizer: "por favor, não vá, eu vou mudar, eu juro, eu vou mudar". Mas pra que benefício me servirá você mudar? Se você mudasse, eu teria certeza que eu fiz escolhas erradas. Eu não preciso que você mude por mim, eu só gostaria de mudar em você. Minha vida é um vazio gigante sem ter o que desejar, e eu desejei que você me desse um motivo. Eu me equivoquei, porque você mudou. Você me pedia pra não te deixar e que você seria melhor, e que todas essas coisas mudariam, mas que coisas são essas que precisam mudar em nós? Se nós precisamos mudar, nós não devemos ficar juntos. Você diz que sou um inquisitor, mas não sou. Estou tentando trazer alguma objetividade ao dilema da mudança que se impõe sobre nós. Eu sou sempre frio, eu te acuso de ser instigadora e instável, mas a verdade é que eu só queria existir por mim mesmo todo o tempo. Eu queria ser auto-suficiente. Eu não sou. Eu critico o fato de você se esconder atrás de tanta maquiagem, mas eu e você odiamos todos os jeitos que eu não sou um indivíduo singular. Eu te peço, "por favor, não vá, eu vou mudar". Se eu te disser isso outras vezes, eu mentirei em todas elas. Eu não sei mudar. Não é culpa minha. Não há um "eu" para mudar. Eu sou uma criatura triste, você diz, e que se sente culpada por tentar me deixar. Não se prenda. Não há o que se prender em mim. Eu te farei esperar para sempre que essas coisas mudem em mim. Se eu te disser que eu vou mudar, não acredite. Mude você mesma, e se encontre confortável em estar consigo mesma. Eu nunca estarei com você. Eu nunca estarei comigo; eu nunca estarei. Eu estarei sempre mudando. Quem eu sou hoje não durará tempo o suficiente pra valer a pena que você fique. Então eu lhe peço: não vá. Mas vá. E não faça por mim o que eu não faria por ninguém.