terça-feira, 17 de novembro de 2009

Slow Motion

Nada é tão pueril quanto o conjunto das palavras. Hoje eu posso dizer com todo o orgulho que eu desperdicei meu tempo. Posso afirmar com todo o orgulho que meu remorso me permite ter: sou representante de uma juventude perdida. O avatar de um potencial jogado fora, o estandarte de um coletivo cujas mentes não olham pro mundo com o mesmo carinho que examinam o próprio nariz. Me pergunto se sempre fora assim; se meus pais, com meus dezenove anos, também tinham a minha falta de determinação. E em caso positivo, se é esse defeito hereditário. E mais importante, se é esse defeito contornável, reparável. A sensação mais triste que um homem pode carregar no peito marcado é o desperdício. E o tempo não volta, o mundo não para, não existe magia, vacina, oração, não existe milagre, não existe solução instantânea. Tantas chances e tanta negligência, tanta pressa, tanta insegurança, tanta angústia, e o ponteiro marchando incansável em direção à lástima de se ver a vida passar, a capacidade bater forte contra o lado interno do tórax e implorar pra ser lembrada; o exercício te olha nos olhos e resignado, olha para outro lado, como o infiel nega a visão da cruz, e diz o que seus pais, seus mentores, e seus ídolos diriam, "que perda". Quantos passos o relógio deu em direção ao fim desde que comecei a perder minha identidade? Quanto tempo me resta pra começar de novo, e quanto tempo me restará até que eu enfim comece? Não existe retorno e as saídas perdidas vão ficar no campo do improvável. Pare de mentir para si mesmo e vá atrás do que deixou de lado. Eu tenho vivido em câmera lenta. Quantas voltas o mundo deu e eu não vi desde que comecei a escrever isso?

sábado, 7 de novembro de 2009

Formas idiotas que já me machuquei

Tem que ter estômago, hein galera!



Inaugurando a Sendas:

Ano 2000. Ou 99, 98. O Itaipu Multicenter tinha acabado de inaugurar. O Supermercado Sendas, consequentemente, também.
Naquela época eu era uma criança mongol (hoje sou um jovem adulto imbecil).
Entrei naquele Supermercado lindo, gigante, maravilhoso, com o chão lustrado brilhando de novo.
Entrei correndo, escorreguei, caí de costas, em cheio no chão, derrubando uma prateleira de produtos de limpeza no trajeto ar/chão.

Uma velhinha que passava me perguntou: "É uma pegadinha?".
Não lembro o que disse, só lembro que não mandei a velha ir se foder.




O trauma da casca da pipoca:

Ano 2000. Ou 99. Com certeza não era 98.
Fui no cinema Icaraí com uns amiguinhos (incluino o Oráculo) ver Pokémon - O Filme.
No meio da sessão engasguei com uma pipoca.
Mesmo meia-hora depois, apesar de ter bebido água, etc, ainda conseguia sentir a casquinha da pipoca na minha garganta. Senti ela lá durante 6 meses.
Fiquei 6 meses sem conseguir comer nada sólido, só bebendo líquidos (sopas e caldo de feijão), com medo de engasgar.
Quando me perguntavam, eu falava que estava de dieta.
Eu era muito gordo com 10 anos.
Mas a sequela psicológica me fez emagrecer 12 quilos.
Melhor do que Cogumelo do Sol.

Nunca mais aguentei tomar sopa na minha vida.




Bola 1 (ou , cortando o dedo jogando sinuca):

Fui passar um feriado de 2003 num sítio para funcionários públicos com meus pais e um amigo.
Fomos nós dois jogar Sinuca na área de jogos.
Eu sempre fui ótimo na sinuca. Só sou ruim de acertar as bolas. E firmar o taco. E encaçapar.
Bem, fui tentar firmar o taco, fazendo-o correr na direção do meu indicador esquerdo para acertar a bola branca, enquanto eu segurava o taco com a mão direita.
Ao dar a estocada na bola, esfolei meu dedo com a ponta do taco.

Arranquei boa parte da pele do meu indicador esquerdo e caguei o tapetinho verde todo de sangue.
Saí dali logo para dar o benefício da dúvida aos funcionários do hotel quanto à mancha na mesa.





Grampeando o Dedo:

Essa é clássica. Quem nunca grampeou o dedo?
Bem, eu não conheço ninguém além de mim.
Botei a folha de papel debaixo do grampo, abaixei pra grampear, dei uma porrada no grampeador... mas esqueci de tirar meu dedo de baixo.
O grampo cravou no meu dedo.
Foi uma dor excruciante ter um pedaço de metal dentro do meu dedo, ainda que pouco mais de 1 cm. Arrancar o grampo foi pior ainda. Sangrou horrores depois. E ainda acertei um nervo que inchou meu indicador.
Não grampeiem o dedo, falou?
Fica a dica.


OBS: Esse ano agora, em 2009, no meu estágio da defensoria, contando essa história para uma colega de trabalho, resolvi demonstrar pra ela o que tinha ocorrido. Enquanto ela segurava o grampeador, fui mostrar a posição do grampo...mas sem querer, fiz a mola do grampeador correr, cortando a mão da garota. Fiquei com um certo remorso por ser tão atrapalhado.
(...)

Ainda bem que não foi comigo.





Batendo no poste (andando):

Essa foi no meu condomínio, e a única que deixou mesmo uma cicatriz. Minha namorada estava vindo de ônibus para o meu condomínio, mas estava faltando dinheiro da passagem dela, então eu saí de casa e fui andando pro ponto para encontrá-la e completar os 5 centavos que faltavam que o cobrador ficava enchendo saco.
No caminho, tropecei num paralelepípedo solto, e bati com a mão em um poste.
Um poste, parado, desses de luz.
Cortou a minha mão de uma forma que nunca tinha cortado antes.
O sangue parecia água conforme ia saindo da minha mão.
Segurei a minha mão com a outra, mas ainda tinha que levar os 5 centavos no ponto de ônibus. Só que o dinheiro estava na minha calça, e eu não podia meter a mão não cortada, senão ia cagar minha calça toda!
Saí do condomínio e andei até o ponto.
Pedi para uma mulher: "Ei, por favor, coloque a mão no meu bolso e pegue 5 centavos?"
A mulher recuou horrorizada, vendo o sangue pingar da minha mão que pressionava a outra, jogou 5 centavos que ela tina no chão e saiu correndo.
Foi tenso pegar os 5 centavos do chão.
Paguei o ônibus e minha namorada queria me levar pra um hospital pra dar ponto.
Não dei ponto, por preguiça e por medo.

Em um mês cicatrizou, deixando uma cicatriz de recordação, e como lição para nunca bater em um poste denovo no futuro, andando ou de carro.



Bola Murcha:

A Faculdade de Direito da UFF possui uma quadra poliesportiva. Porque temos, eu não sei.
Só sei que o pessoal joga bola frequentemente.
Eu sempre fui um merda no futebol, uma vergonha.
Sempre era o último a ser escolhido quando tiravam time na aula de educação física.
Na verdade, eu não era escolhido. Sobravam eu e outro cara, escolhiam o outro cara e eu ficava com o outro time.
No entanto, um dia desses resolvi jogar uma pelada com o pessoal. Só tinham uns 7 caras, 8 comigo. Que mal poderia haver?
Fui lá, jogando, mal.
Todos fizeram 3, 4 gols pelo menos.
Eu estava lá há quase 1 hora, morto de cansaço, respirando como um porco (totalmente fora de forma).
Até que a bola veio parar no meu pé e eu estava no ataque.
Corri para a área, driblei um zagueiro (!), entrei na pequena área, driblei o goleiro (!!!), fiquei na cara do gol... e errei.
Mas não "errei" apenas.
Foi épico. Quando fui chutar a bola com o pé esquerdo, a bola andou. Chutei o ar vazio, perdi o equilíbrio e cai (novamente) de costas, sem camisa e suado, estatelado no chão.
Levantei com as costas sujas da poeira do chão, com todos rindo de mim.

Se tivessem filmado a cena, não tenho dúvidas de que eu ganharia o troféu de "Bola Murcha" do Fantástico.

Essa eu podia ter previsto...




A Escada Rolante:

Essa não precisa nem falar, né?




Armando a barraca:

Idiotice clássica.
Fui na praia de Camboinhas com a namorada e uns amigos.
Chegando lá, peguei o pau da barraca, e como macho alfa do grupo, resolvi armar a barraca.
Enfiei o pau na areia (*bateria*). Mas na primeira vez não foi fundo o bastante.

Então, me preparei para a segunda estocada.
Concentrei toda minha força em minhas pernas para fornecer um apoio para me dar força, coloque força nos meus braços e enfiei o pau da barraca na areia com tudo.....
....incluindo a minha cara.

Eu enfiei o pau com tanta força que me abaixei. Meu rosto foi de encontro com um ferro na haste, onde fixaria a parte superior da barraca.

Cortei o queixo no meio da praia lotada.
Não foi muito fundo, pelo menos. Fui na água limpar o sangue escorrendo.


Parar estancar o sangue e disfarçar o machucado. Fiquei com a mão no queixo e com uma sombrancelha erguida, fazendo pose de intelectual o resto da tarde.




Meu amor incondicional pela humanidade:

Estava eu no Sam's Club fazendo compras, quando vejo aqueles rolos de papel alumínio (aqueles de cozinha).
Vejo que tem um rolo padrão de 7,5m vendendo, bem como um rolo MUITO maior, de 100 m.
Perplexo, pego aquele rolo e sinto o peso.
Penso: "Meu Deus, isso aqui é quase uma pedra! Pode matar alguém se acertar na cabeça!".

Burro, resolvi testar a minha teoria...em mim mesmo.

Dei uma pancada (não muito forte, pra falar a verdade), meio que de brincadeira no meu cocoruto (parte de trás da cabeça, para quem não sabe).
Só escutei um barulho oco, e desarmei no chão.
Dessa vez cai estatelado de frente, para variar. Incrivelmente, apesar de não ter reação nem pra colocar a mão na minha frente, não me machuquei.
Acho que nem cheguei a desmaiar, porque logo depois, me levantei. Ninguém me viu caindo, e se viu, ninguém parou pra me ajudar.

Levantei, coloquei o rolo no lugar, e saí andando, meio tonto.

As coisas que eu não faço por amor à humanidade....

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Maria

Posto aqui um texto redigido pelo amigo Pedro Stelling, que me pediu pra colocar esse poema no blog. E aí está! :D

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Com a aurora vem o despertar
Com o sol, a solidão.
Apenas sou,
Não há ninguém.
Procuro, e não há ninguém
Insisto, e ela não vem.


Passa o dia, aumenta o calor
Aumenta a dor,
Cresce o pavor.
Pavor da solidão, do que sente o coração
Pavor de ser,
E medo de dar a mão.


Ao crepúsculo, a luz se vai
A vontade se esvai
E a solidão persiste.
O silêncio que eu grito
Sai rouco, sai triste,
Pois apenas de aflição consiste.


Sentado em minha cadeira,
vago pela escuridão
à procura dela.
Minha paz, meu açoite,
Meu viver, minha noite
Minha droga, meu tudo.


Meu tudo, contudo, está vazio
Está frio
Suas cinzas, pelo rio.
Deito com o dia claro, a noite já é passado
Assim como Maria.
Vou sonhar com Maria.

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Cheers pro Stelling!