domingo, 25 de julho de 2010

Direção

Não sobra muito no que pensar quando sua mente está lotada. Chega uma hora na vida de um homem que, no dito popular, ou vai ou racha. A hora do fazer, ou ser só mais um. E pelo amor, eu não suportaria ser só mais um. Então escolhi ir, ainda em referência ao dito popular. Me sinto bem, me sinto satisfeito, focado e com um objetivo. No que se diz à avaliação do esforço de cada um, talvez seja esse o patamar de satisfação que todos nós buscamos. Certamente foi o que busquei durante esse tempo todo.
Pouco podia ser pior do que ficar à deriva. Era uma tortura, demorada e angustiante, a espera de um evento que me comovesse. Mas à medida que se doma o próprio ego - e o meu é um animal arredio - percebe-se que a medida mais fácil pra fugir do ostracismo é comover-se a si mesmo, pelo próprio sentido de comover-se. Depois de subjugada a vontade, não há necessidade de esperar um empurrão do destino em direção às estrelas se você mesmo é capaz de fazer esse salto.
Me sinto norteado, e pra mim é o suficiente, por enquanto. Acho que é melhor esperar a hora de dar um salto maior do que esperar ser empurrado pra cima pelo destino.
Encham a cabeça de objetivos. Pensem em sempre crescerem; desejem serem maiores do que nasceram pra ser.

Stephen King disse: "se você não nasce grande demais pras suas calças, como pretende vesti-las um dia?"
Impossível ser mais sábio, e talvez seja impossível ser mais feliz do que desta forma.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Torre

Já faz algum tempo.
O problema de achar é que cessa a busca; e se mantém sólido até que se perca de novo. Inevitável como a tendência da matéria organizada à entropia, e da mesma forma, sempre se perde algo. Inexorável, fato consumado. Varia o intervalo de tempo: encontra-se o que buscava, sobe o muro e observa o resto do mundo se degladiar e se deglutir sobre si mesmo tentando alcançar-te. Te divirtirá a vulgaridade do homem comum buscando o patamar superior em redundâncias, ingênuo ao fato de que procurar redundâncias é o que os prende ao chão, enraiza seus pés ao solo podre do mesquinho.
Mas percebe que do seu muro alto dá pra ver distante, como se sempre quis deixar de ser míope, e a realidade inteira te parece nova. Vê, a sua análise foi despedaçada em idéias toscas e pueris, quase à ponto de te ser vergonhoso - ou engraçado. Porque seu foco mudou; tu enxergas longe agora. Tu enxergas através, ao redor, entre e à frente, agora. Enxergas vultos de idéias que nunca sequer cogitou existirem e sua razão brilha, ofusca sua glória de domar-te a si mesmo.
Agora, você se perdeu. Estás perdido um andar acima ao de antes, mas ainda perdido. Porque agora você se sente sol entre as minúsculas formas que tentam domar o teu muro, a tua luz; mas ainda se sente uma mera estrela frente à tua própria grandeza.
A vida é uma jornada sem fim, um ciclo interminável de achados e perdas, para aqueles que vêem e percebem realmente.