quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Coisas da vida...

Pois é, pode até falar que eu só tenho falado no carro ultimamente, mas é porque acho que essa nova fase tem algo a ver com maturidade. Ou algo do gênero, se ligou? Como eu tenho coisas para fazer mais importantes do que trabalhar (não perguntem quais, eu não saberia explicar), acho que descontar a culpa de tudo que me ocorre no carro é uma boa idéia.

Pois bem, contextualizando: Meus pais estão viajando, logo dos 3 carros daqui de casa, um tem ficado comigo, e o outro com minha irmã. Graças a Deus, não preciso mais andar de ônibus.

No entanto, como não trabalho (acredito que Deus tenha algo a ver com essa minha decisão), não tenho dinheiro para colocar gasolina no carro. Portanto, estou tentando manter o tanque cheio pelo máximo de tempo possível (pelo menos até domingo, quando eles voltam).

Para tal, de vez em quando, durmo em Icaraí, na casa da minha avó, pois assim, não preciso subir para Itaipu de noite só pra dormir, o que me economiza alguns preciosos litros de gasolina.

Hoje (ou melhor, ontem) foi um desses dias em que durmi lá. Como eu já tinha me programado desde ontem, deixei algumas roupas dentro do carro para vestir hoje (antigamente eu levava tudo dentro de uma mochila, que eu levava comigo dentro do ônibus. Agora, ponho tudo dentro de uma mochila, que eu ponho na mala. Eventualmente, vou me desfazer da mochila e deixar tudo na mala mesmo).

Bem, ontem, quando cheguei na casa dela, estava exausto, logo subi para o apartamento sem me importar em pegar as roupas.

Hoje, pela manhã, fui tomar um banho, pois teria uma entrevista de emprego à tarde (é, TERIA).
Eu passei para a prova de Monitoria de Inglês do Ph, e faria hoje a entrevista de emprego na Tijuca. Tinha até separado minha carteira de trabalho para ser carimbada, para o caso de ser aprovado na entrevista.

Ok, tomei o banho. E vesti a mesma roupa (e a mesma cueca, e a mesma meia, etc), pois toda a roupa estava no carro e tive preguiça de ir buscá-la. Pensei: "Bem, o carro está num cantinho escuro da garagem, onde ninguém nunca vai. É só ir no carro e trocar de roupa lá dentro".

E de fato, foi o que eu fiz. Almocei e fui para a garagem. Lá estava meu carro, num canto isolado da garagem, escuro, pois a lâmpada funcionava com um sensor de movimento, e só alguém perto do meu carro poderia acioná-lo.

Peguei uma roupa e uma cueca na mala e fui para o banco da frente trocar de roupa. Logo o sensor de movimento apagou e me deixou no escuro. Ótimo. Tirei a calça, a cueca, joguei tudo no banco de trás e....

A luz acendeu. Apareceram todos os porteiros do prédio e mais uns porteiros. Vieram na direção do meu carro. Pararam ao lado da minha porta, onde eu estava nú da cintura para baixo. Rapidamente, puxei a calça do banco de trás e joguei-a por cima do meu colo. Os porteiros começaram a mostrar para os pedreiros uma parede exatamente ao lado do meu carro, onde tinha uma rachadura. Os pedreiros assentiram, e começaram a circundar meu carro, agora todo iluminado, olhando a rachadura na parede. Os porteiros, que me conhecem, acenaram para mim e sorriram. Acenei de volta, e fingi estar mexendo no rádio, escutando música.

Pensei em ligar o carro e sair dali, mas reparei numa coisa: na pressa, tinha deixado a chave dentro da mala.

E ali estava eu, nú, sem poder sair do carro para eles poderem consertar a parede, e sem poder sair com o carro, pois não tinha a chave. Também não podia botar uma calça ou uma cueca, pois senão todos reparariam no que eu estava fazendo, pois seria um movimento bem óbvio, e eu dificilmente conseguiria olhar os porteiros com respeito após aquilo. E se alguém chegasse bem ao lado do meu vidro para falar comigo, ia reparar que a calça não estava exatamente no meu corpo...

Fiquei ali parado pelo menos uns 15 minutos. Os porteiros de vez em quando pareciam que iam vir até mim, mas na última hora mudavam de idéia. Os pedreiros estavam posicionados em frente, ao lado e atrás do meu carro.

Até que em um momento, todos magicamente se afastaram um pouco. Corri, peguei a cueca e a calça nova e coloquei. Saltei do carro, peguei uma camisa nova e a chave do carro. Deixei ele lá mesmo (eu não ia sair com ele, só fui pegar a roupa mesmo).

Fui para a portaria e cumprimentei os porteiros. Saí para a rua disposto a fazer a entrevista e arranjar o emprego na monitoria.

Depois, pensei melhor, vi que o emprego era escroto, faltei à entrevista, e, por conseguinte perdi o emprego. Ótimo =]

sábado, 7 de fevereiro de 2009

1 mês de carteira

- 2 carros batidos (e mandados pra oficina)
- 4 engarrafamentos hardcore/ heavy-metal em ladeiras
- 2 "quase-acidentes letais"
- 1 multa por furar sinal com radar (ninguém sabe ainda)
- 2 vezes travando o trânsito parado na Gavião Peixoto para entregar filmes (parando no meio da rua óbvio. Sou meio ruim de baliza)
- X² paradas no meio da rua por motivos aleatórios (com o pisca alerta ligado para fingir defeito no carro)
- 1 porta de carro quebrada (não abre nem fecha mais)
- 1 Alarme de carro quebrado (não funciona mais)
- 1 pneu furado 1h da manhã, que ninguém conseguia desaparafusar (necessário encontrar um borracheiro de madrugada)
- 2 batidas "leves" numa mesma baliza, no carro da frente e no de trás (o famoso "beijinho")




Cara, não perder a carteira provisória em 1 ANO será uma epopéia!

Penugem de Corvo

Palavras me parecem amplamente triviais no momento. O que eu poderia dizer que não sentisse, e pra que dizer se já as sinto? O que dizer que me faça não sentir? Não existe remédio, não existe um projeto. Não existe mais uma rota de fuga. Nada é tão pueril quanto métrica e rima quando não se pode ver o chão da beira do precipício. Nada é tão lúrido quanto uma revolução poética em calçadas desenhadas em giz branco. Ver e aceitar pelo que se é. Presumo que isso seja um túnel, porque mesmo estando escuro, consigo andar em frente, mas o movimento lateral é limitado. E no escuro desse polígono ouço vozes. As minhas, a sua, de nós dois, desconhecidas vozes, desesperados murmúrios, gritos em terror, aterrorizantes balbúcias, enquanto os ramos se desfazem e as raízes se tornam. E como lampejos as luzes tornam a se ligar, e vejo formas desconexas e horripilantes beirando as paredes como fantasmas do meu passado, como olhos vermelhos na noite veloz e saciável, uma pena de alívio pela retribuição vulgar. Espreitando. Esperando pelo escuro com os olhares vingativos do perdão; esperando as luzes falharem mais uma vez para relançarem seu tribunal de vozes alucinadas. Eu sei como isso termina: em pedidos de desculpa e tinta em páginas brancas. Como séculos de sangue virgem correndo em minhas veias tramam para convencer minha mente ávida que o prazer nada tem a ver com o milagre da necessidade. A necessidade tempestuosa de aves de rapina. Nada é tão lúcido quanto uma promessa nublada por psicose. Essa é uma confissão de meu espírito, cicatrizes negras à prova d'água num quadro branco, puramente só. Um manifesto lentamente construído de tremer como base na ponte de uma canção e cada vez menos como o poema que escrevo. O porque do soneto se fazer estéril sarcasmo. É tudo o que tenho: linhas tintas e caridosas, um refrão com vozes harmônicas, uma oferta, uma epopéia filarmônica, nesse túnel em chamas de vozes em crescendo, crescente tragédia.

- Ao som de: Blink 182 - Adam's Song -