sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Elefante

Então o que você resolveu, querida? E por que demorou tanto? Eu queria que tivesse algo que pudesse te manter aqui, eu queria que houvesse algo de errado comigo, mas não há. Tem que haver algo errado. Essas desculpas assumiram o controle. Então por que não dizer as coisas presas na sua cabeça e nunca ditas? Talvez você as diga o suficiente pra querer acreditar nelas. É assim que será? Como chegamos ao ponto em que amar se tornou tão doloroso? Aonde chegamos, querida? Eu não tenho o que dizer, porque tudo que eu posso dizer é pedir que você me entenda, e se eu pudesse pedir isso pra alguém, pediria pra mim mesmo antes de qualquer outro. Está tudo errado, aqui na savana. Já sentiu algo como sua personalidade se dividindo em duas? Três, quatro, oito? Quantas? Sabe o que é a dor do espírito? Não acredito que saiba, e nem acredito que lerás isso, então em frente com a orquestra, com esse balé de vultos em volta do leme. Eu dormi ontem à noite achando que te veria morta dentro do seu quarto, sabendo que você se sente tão sozinha lá dentro. Não importa as escolhas, você nunca saberá que nunca estará sozinha, e que eu estarei aqui, perdido em algum lugar do meu inferno particular. Deve ter algo de errado comigo. Por favor, me diga que há algo errado comigo, pra que eu possa me responsabilizar e consertar, eu mesmo, não ser medo. Eu nem sei que horas são, e pouco me importa. Perdi a noção do tempo enquanto preparava a nossa fuga para os lugares em que podíamos nos confortar. Tenho certeza que podíamos sair daqui até meia hora atrás. Tenho certeza que nunca nos livraremos dos sentimentos que isso agrega, e que é melhor eu não me importar. Se eu me sinto sozinho? O tempo todo. Mas se você vier comigo, então eu posso te mostrar que essas vidas que sentimos podem ser verdadeiras. Se você tirar seu tempo pra olhar em volta, não há nada de errado comigo. Não há nada de errado comigo que eu já não tenha mostrado. Não há nada errado comigo que já não tenha sido visto.

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