terça-feira, 3 de abril de 2012

Ira (Parte II)

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo: a tua vara e o teu cajado me consolam.” (Salmo 23, 4)

E mesmo que eu ande pelo Vale das Sombras, eu não temerei homem algum; pois a minha Ira é a minha flecha.
Mesmo que a minha chama não se acenda, mesmo que de tudo eu me esqueça.
Mesmo que só de mim, eu dependa; mesmo que apenas de outros eu me ressinta.
A minha flecha seguirá implacável e absoluta. A minha Ira será infinita.
A minha sede será sempre bem-vinda, e o meu fogo pulsará pra sempre a vida.
Pois mesmo que eu caminhe pela vida eternamente, igualmente infinda será a minha Ira.
Ela falará na sua língua esquecida, palavras que Homem algum se recorda.
Quando ela disser "sede", haverá água. Quando ela disser "abra", abrirão-se todas as portas.
Ela dirá a verdade, e jamais por linhas tortas. A minha Ira é absoluta, e a minha flecha é certeira.
E mesmo que eu navegue por um mar de incertezas, de nenhuma delas eu terei medo; pois a minha Ira é minha bússola.
E ainda mesmo que eu me perca pela constelação de Ursa, nenhuma noite gelada me fará fraquejar, pois minha Ira é minha fé e minha Lua.
Na minha Ira, a minha fé é inabalável. Na minha Ira, eu exerço minha crença, enquanto minha flecha segue sua sentença, inabalável é sua certeza.

Nenhum comentário: