terça-feira, 29 de julho de 2008

Somente

Começo este post pedindo perdão. Perdão pela minha ausência prolongada, fruto de um bloqueio criativo que dura meses, mas que não me tira das minhas responsabilidades, e mesmo com a demora pra perceber tal realidade, cá estou, mais uma vez, lutando contra a barragem que se instaura em minha mente.

Este post, no entanto, é uma argumentação referente às palavras de meu amigo Milsana em seu blog.

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Eu, apesar de todo o ceticismo e frieza, acredito sim que o "coração" sabe melhor. Seja lá de onde venham os sentimentos, mas estes não mentem. Traduzem exatamente o que alguém deseja, ou não deseja, ou como este vê o que tem e o mundo ao seu redor, sem segundas intenções; mesmo que não durem pra sempre. A leitura do "coração" revela os objetivos de todos nós no momento em que ela é feita, e isso vale até mesmo pra um filho-da-puta como eu. Se esses sentimentos mudarão ou não, o tempo dirá, e não cabe a nós tentar predizê-lo, visto que somos ínfimos comparados à ele. O coração é sábio, pois só ele sabe distinguir o desejável do descartável - uma noção extremamente individual, e por isso a sua importância, - mesmo nos momentos em que nem nós sabemos o que queremos. E nesses momentos, deve-se ter cuidado; a leitura do coração é uma ferramenta, e não um caminho. Ela deve auxiliar o pensamento racional, a dosagem do quanto se quer combinada à disposição de se buscar o que se quer.
Também acredito que nunca me apaixonarei de verdade, e numa nota pessoal, me satisfaço com a idéia: não gostaria de me apaixonar pelo mesmo motivo que não gosto de ficar embriagado - apaixonar-se requer a perda de controle, não do outro, mas de si, e não para outro, mas para alimentar o sentimento. Me coloco de pé e bato palmas à máxima que versa sobre "não ser preciso achar alguém para amar, se você amar tudo aquilo que estiver em sua volta". Mas não acredito que seja a única saída possível para o problema da falta. Existe outra, mais egoísta e menos otimista: apaixone-se por si mesmo. Aprenda a gostar de ser o que és, e a gostar de ter como companhia perpétua o seu Universo - que por mais clichê que a frase possa soar, é um caminho que muitos ignoram. Falta amor próprio.
Confesso que acredito ser este o motivo por não conseguir me apaixonar por outra pessoa. Parafraseando mais uma vez nosso caro Milsana, para apaixonar-se, deve faltar algo, para que haja então a busca em outros lugares - outras pessoas - por algo que preencha esse vazio. Mas acho que fiz uma troca justa. Troquei a melancolia e as dúvidas pela certeza de que enquanto me mantiver superior à sorte e ao acaso, serei feliz; e prego, amigos, que foi uma boa troca. Mas novamente, é só o que o meu coração negro e calculista me diz no momento.
Esse foi o Oráculo, ao vivo do hotel na árvore de cactus.

- Ao som de: Kammerflimmer Kollektief - Jinx -

Um comentário:

Lo Scienziato. disse...

"Aprenda a gostar de ser o que és, e a gostar de ter como companhia perpétua o seu Universo"

Isso me lembrou o Ervaring cara. E digo mais. O estado supremo de isso que falamos e não nomeamos, seria a união das duas saídas. Como: Não sei, é utópico (creio eu).

Meu texto ficou bem mais simples e infantil que esse, talvez pela minha dificuldade de se expressar. Fico até com vergonha, mas você pôs em palavras o que eu não consegui.