segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A Grande Decadência, Parte I

Esses dias, voltando da faculdade de ônibus - mais especificamente, enquanto passava pela Ponte Rio-Niterói, - tive um momento epifânico. Senti, naquele instante, que havia realizado uma indagação que me acompanharia por toda a vida. Então, compartilharei esse pedaço de filosofia com os demais leitores desse blog, para que, no caso desta ser tão positiva quanto eu a imagino, possamos todos refletir sobre a mesma. Colocarei esta reflexão aqui da mesma forma, ou da forma mais próxima possível, àquela que contei a alguns amigos, portanto, se estes lerem este relato, não me crucifiquem.

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Imagine um leão, dentro de uma jaula, em um zoológico. Nesta jaula, estão reunidas, de forma básica, as condições necessárias à sobrevivência do leão, fornecidas pela equipe do zoológico. Dele é tomado cuidado, e seu "lar" é sempre monitorado e mantido idealmente. Mas agora, imagine que nesse mesmo cenário, não haja quem faça a manuntenção da jaula. Não há quem alimente o leão, quem limpe sua jaula, deteriorando seu ambiente até que nele não seja possível que o leão sobreviva, e levando invariavelmente à sua morte.
Esse fenômeno é comum a todos os seres vivos. Pode-se usar o exemplo de culturas de bactérias: quando se cultiva bactérias em laboratório, estas são inoculadas em um caldo contendo os nutrientes necessários à seu crescimento, e são mantidas em condiçoes ambientais ótimas. E verifica-se que com elas acontece o mesmo que com o leão do cenário supracitado; após a depleção dos nutrientes do meio de cultura, estas bactérias morrem. Assim como os seres humanos, que mantidos isolados de tudo definham até o amargo fim.
Portanto, concluo a partir dessas observações que a tendência natural do ser é decair;

Porém, mudemos um pouco a forma de ver, novamente, a alegoria do leão. Esse mesmo animal, se estivesse em seu habitat natural - no caso deste, a savana, - se deterioraria, de forma a obliterar-se no processo? A resposta é óbvia: não. Analisando o porque, percebe-se que a natureza renova o espaço físico que circunda o leão - e todos os demais seres nela contidos. Num espaço limitado, como numa jaula, se o leão devorasse todo seu alimento de uma vez (uma zebra, por exemplo), esta não poderia multiplicar-se de forma a propiciar a renovação do alimento necessário a sobrevivência do leão. Assim como no caso das bactérias: se a essa cultura não forem cedidos mais nutrientes, essas bactérias consumirão todo ele, até que morram pela falta do mesmo. Conclue-se então, que a mesma natureza que causa a decadência de todos os seres é aquela que permite a continuidade destes em seu lugar de origem.

Dessa máxima, extrai-se outra: a capacidade de expansão dos seres vivos é essencial à sua sobrevivência. Se as bactérias pudessem sair livremente do recipiente em que se encontram, estas encontrariam outras fontes de nutrientes para saciar seu crescimento. Mesmo princípio na alegoria do leão: se este escapasse, naturalmente ele teria uma maior área física para conseguir suas condições ideais de sobrevida, permitindo a renovação da natureza, e impedindo a deterioração do espaço.

Mas é nesse ponto em que inserimos o ser humano na discussão. O homem usa os recursos da natureza em uma escala maior do que aquela que o espaço físico do mundo em que vivemos permite à natureza que os renove. Então, segundo o raciocínio seguido até esse ponto, o ser humano irá se utilizar da natureza até que os recursos que ela fornece a ele terminem, culminando em seu fim. A menos que este encontre uma forma de expandir seu espaço físico.

Aí sim, chegamos ao ponto principal da primeira parte desta discussão. O homem tem a real possibilidade de ser a primeira forma de vida a driblar esse limite imposta aos seres vivos pela natureza, ao se expandir para espaços inatingíveis para qualquer outro antes dele: curiosamente, como num jogo de nomes, a expansão ao espaço, com o advento das viagens espaciais, pode ser o passo pioneiro na destruição da cadeia evolutiva. Se este universo que habitamos é realmente infinito, as possibilidades de expansão também o são, possibilitando, mesmo que remotamente, a continuidade eterna da raça humana, e a contradição da própria natureza.

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Continuarei essa discussão amanhã, em outro post. Estou há mais de uma hora digitando essa idéia, e ainda tem muito por vir, então, vou descansar enquanto ainda dá tempo de assistir aula amanhã.
Até o próximo post!

- Ao som de: Tori Amos - Rooterspur Bridge -

2 comentários:

Smokey Mcpot disse...

Putz, isso tá bom mesmo!
Vale até um Nobel de Física.
Falando sério, manda esse e-mail pra agência espacial brasileira (que é a única no mundo que mandou 27 cientistas pro espaço sem lançar nenhum foguete)....
Ou pra Nasa.
Ou pro Lula.
Tá parecendo Spore - Live Action, sacou?

Nihil disse...

Utópico...