segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Diálogo de Recordação

É como se eu tivesse pego carona numa mentira, e nessa mentira, descobrisse uma verdade. Aquela verdade que você não queria. As heras crescendo do outro lado do muro de concreto que é a sua caixa toráxica. Você tem milhões de motivos pra rir, mas você escolhe olhar para o chão sem motivo algum. A sua cabeça erguida ao horizonte não passa de lembrança. Ou talvez seriam as lembranças que te assombram? Tudo que você quis, todos os seus sonhos, todos os seus planos, todos eles viraram as costas pra você; choraram ao fazê-lo, mas mesmo assim o fizeram, e seguiram adiante. O mundo seguiu adiante. Você seguiu adiante. Tentaram te salvar, te mostrar ventos diferentes, mas você só queria se proteger. Só não queria passar por isso outra vez, mas você está aqui, de novo, comigo. Como o Sol e a Lua. Como a sua solidão na velocidade da noite. Como se você não fosse a estrela mais brilhante do céu infindo de estrelas brilhantes, e de tanto amor, morresse em uma pena, uma pena de alívio, o seu muro ruindo, e a enchente tomando um mundo, o seu mundo, o seu coração respirando ventos diferentes, pela última vez em você-nem-se-lembra-quanto tempo. Pela última vez na sua história, uma última valsa em nossa memória. Seremos pra sempre uma valsa em nossa memória. A página mais importante ignorada de um livro cheio das mais belas histórias. Eu sinto dor. Eu sinto meu coração batendo forte contra o concreto. Mas não o sinto ceder.
Este é um diálogo de recordação.

- Ao som de: Hopesfall - Andromeda -

Nenhum comentário: