quarta-feira, 4 de março de 2009

Giz Branco

Sente-se aqui. Deixe-me ensinar sobre o que há mais além. Em um minuto, ainda há tempo, e eu seria o primeiro a admitir. Admitiria que achei perdão em sua existência. Admitiria que é só medo, tão irracional quanto o objeto deste. Analisando friamente, o enredo então engrossa, toma ares de antítese. Estas que valsam rodopiantes sobre um eixo de amantes e formam um vendaval um tanto nostálgico. Os chifres sob o capuz dos santos, a rosa fiel e lúcida no lodo de odores familiares. Estes que dizem mais em lembranças decrépitas de uma outra vida, de outras pessoas, em outro tempo. Lembranças lunares, lembranças de Sol, lembranças roubadas de outra pessoa. Tão descuidadas, incautas e ingênuas, a ponto de não entenderem os desenhos de giz na calçada. No mangue dessas ruas, as calçadas são um campo de rosas em giz. E dos bueiros escapam fragrâncias adocicadas como o ciclo da vida em sua complitude, balas de canhão em forma de aromas diversificadamente eternos. Desço da minha solidão e me assusto com as ruas pintadas de branco com as lembranças roubadas de outra pessoa que um dia fui.

- Ao som de: Circle Takes The Square - Patchwork Neurology -

Um comentário:

Nica Gomes disse...

Passeando na Web encontrei seu blog
nossa amei " Giz Branco "