segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Rei da Dor

Você saberia diferenciar o alívio que sente da agonia que sentiu? Saberia dizer se do céu que você admira cairia o raio que te partiria a consciência em duas e te faria drão? Morte é a solidão que te agoura no escuro, no frio de uma noite em um verão que nunca morreu no seu peito, fotografias e recortes, temperaturas que você não saberia mais descrever. Os invernos debaixo da sua ausência são rigorosos. Olhe para outro lado e lave o sangue entre os dedos; o sangue que preenche o abismo dos nossos nomes gravados na parte interna das alianças feitas sem méritos, as enormes lacunas entre as nossas semelhanças. Você saberia me dizer para onde ir, ou de onde veio? Usaria o véu que cobre a minha mágoa no dia em que se fechasse a porta do meu último leito, colheria as rosas entoando cânticos que nascem dos orifícios aonde a sua fuga me feriu? Medo é o seu sangue desdenhoso, seu ardente desgosto, desgostosa relíquia; sua energia vital fluindo em suas curvas de sereia, como borboletas em seu estômago, em seu sétimo dia de prazer, as asas desfalecendo lentamente, se juntando ao pó que dança invisível no vento que sopra para longe o seu perdão. A sua carícia é um corte fundo no formato dos seus dedos, tamborilando outrora em minha pele, num gesto tímido e distante de afeto. Tamborilando. Reconhecer é parte de um ato lento de prevenir, e reconstruir. Tamborilando. Me diga por favor que sou um tolo. Tambor. Engatilhe a sua dúvida; aperte o gatilho.
Há um pequeno ponto negro no Sol hoje.

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