quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Hiena (Parte I)

Veja este sorriso.
Este não é um sorriso alegre; sequer é um sorriso de alegria. Esta á uma careta retorcida de ardil.
Nos dias em que se acorda torpado, toma conta das suas funções um sorriso venenoso que poderia enganar, não fosse a sensação de incômodo, como que te avisasse: este não é um sorriso alegre.
É um sorriso de malícia.
Este ri com a mesma malícia com que rouba a presa que se preza abater, o sorriso que se preza manter.
Eu serei a hiena quando a atmosfera parecer ameaçar e nas arestas mal aparadas da luz diurna surgir o conflito que te faz o sangue quente, marchar em frente.
Porque perante este, a hiena ri. Não com alegria; mas com o esgar agressivo daquele que se diverte perante à dança das adversidades que te fisgam os objetivos.
A distância entre seus olhos inequívocos na noite furtiva, como a sua figura escondida por trás do riso jovem, e a presa orgulhosa. Com o orgulho que você clama roubar para si.
Não por necessidade. Eu serei a hiena quando privar-te dos seus orgulhos for o meu prazer.
Pelo fim do prazer. Pela mentira que este riso conta.
A mentira de uma vingança, um remorso, solidão ou desamor que se transforma no fogo de conquistar.
Este não é um sorriso alegre; ou sequer é um sorriso. Esta é uma convulsão de um prazer negro, profundo daquele que tem orgulho das próprias presas.
Este não é um animal; ou sequer é uma forma material. Esta é uma das figuras que habitam a chama do espírito do homem.
A chama da ofensividade, o sangue da presa abatida com o gosto doce da complitude.
Completar o instinto flamejante de subjugar. Surrupiar, satisfazer, suturar; repetir.
Eu serei a hiena quando o ser humano não for suficiente para ser completo por si.
Eu serei a hiena quando ser não tiver significado por inteiro.
Eu serei a hiena quando o obstáculo significar por si.
Este não é um sorriso de alegria; esta é a malícia de uma vontade inumana que só pode ser saciada com a ferocidade canina de um sorriso.
Que ria por último aquele que ri melhor.

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