terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Clima Tempestuoso

Primeiramente, gostaria de pedir perdão pela minha ausência nesse blog. Tenho andado um pouco enrolado por estar namorando, e ao mesmo tempo, tendo que dar atenção aos meus amigos, paralelamente a curtir o Carnaval; some a isso um período de confusão mental, e temos um blog abandonado. Prometo remediar esse mal que nos aflige, digam Deus-bomba.

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O ser humano é, por essência, um ser egoísta. Toda a nossa vida é regulada pela nossa própria existência, ignorando o mundo que nos cerca, e a escala de comparação é sempre a nossa própria. Assim como comemoramos a chegada do segundo milênio pós-Jesus Cristo - quem vai me dizer "aleluia" - com um fervor sem igual, quando o planeta tem bilhões de anos e o universo, incontáveis milhares a mais. Temos essa doença degenerativa da visão, que diferente das outras, vira os olhos para trás. E mesmo quando nos convencemos de que somos conscientes, enganamo-nos: o falso estado de consciência do universo ao redor de cada um é derivado do simples ato de se tapar os olhos enquanto olhamos diretamente para dentro de nós mesmos. Nesse falso estado de iluminação, cegamo-nos, por mais irônico que o seja. E assim, transcedemos para o outro lado do campo, o lado que repudiamos ao encontrarmo-nos superiores e donos de nós mesmos em relação aos que não compartilham dessa falsa dádiva. Cegamo-nos, e assim, perdemos a consciência do que nos circunda. Cegamo-nos, e nos enganamos, mentimos pelos dentes para o espelho; e enquanto pensamos sermos mais fortes e mais capazes, somos apenas mentirosos e cegos.

E aqueles que alcançam a verdadeira consciência são eternamente malditos. São os que sempre sentirão o peso das verdades que ninguém conclui, e das dúvidas que ninguém enxerga. Os eternos insatisfeitos, os sempre introspectivos, aqueles que carregam em suas costas o peso de sua própria experiência com o mundo dia após dia. São os que vêem através do que não gostariam de ver.

Imagine-se plantando uma árvore. Pegue a semente, imaculada e impotente, e plante-a em solo fértil, adubado. Cuide dela: regue-a disciplinadamente, corte os galhos que arriscam seu bem-estar, proteja-a de predadores. Com o tempo, sua semente se transformará numa muda, e daí, para uma frondosa árvore, ganhando rigidez, presença, tamanho, e a capacidade de gerar frutos e sombra. Mas por mais que o crescimento dessa árvore tenha sido, em boa parte, devido ao seu árduo compromisso para com o desenvolvimento da mesma, ela nunca irá em sua direção. Uma árvore sempre crescerá em direção ao Sol, e por consegüinte, distanciando-se das mãos que manusearam o regador.

A mesma luz que só os iluminados vêem é a luz que tira deles tudo que eles amam.
Assim como são as coisas, são as pessoas; e tudo se define por fototropismo.

- Ao som de: A Perfect Circle - Weak And Powerless -

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