quinta-feira, 10 de abril de 2008

Porco Almejado

Se tem uma coisa que consegue enojar e tirar este que vos escreve do sério, é a hipocrisia. Imaginem o desgosto do mesmo ao chegar novamente, mas não pela última vez, à conclusão de que a raça humana se entregou plenamente à tudo que a moral criada por ele mesmo diverge. É até cômico: peguemos um segmento muito cotidiano da sociedade atual - os escravos do colarinho branco. Aqueles que reclamam da política monetária do governo e da corrupção na política, mas ao final do mês, sonegam o imposto de renda e admitem-no de vento em popa, até com certo orgulho. Os porcos almejados com suas gravatas cinzas, caídos em fila no chão, e não conseguindo erguer-se sem cravar mais fundo a estaca a cada movimento. Engraçado assistir o discurso típico de certos indivíduos desse segmento, dizendo que "a vida real é assim", e diversas outras histórias de caroxinha, na tentativa de justificar seu próprios pecados, não para si - pois dispensam esse tipo de julgamento, - mas para sua audiência, com medo da retaliação daqueles que nadam contra a corrente, mesmo sabendo que o meio favorece o contrário. É lastimável pensar que palavras assim são proferidas por indivíduos que nunca se esforçaram para trazer melhorias ao mundo em que vivemos ou ao ambiente daqueles que os cercam, talvez não pelo fato destes tentarem corromper aqueles que o fazem, e sim pela perda da identidade coletiva da humanidade. Adquirimos uma mentalidade "sobrevivencialista", aonde somos nós contra o mundo, cada um por si, Deus nos abandonou há muito tempo, e a vida real é assim. Me alegro em ver que a minha geração parece se levantar contra tudo isso: tenho a impressão de que a juventude tem desenvolvido lentamente seu senso de coletividade, e se esforça para criar um lugar melhor - embora ainda extremamente alienada, sob alguns aspectos. Torço para estar certo; trilhamos um caminho muito longo pela Estrada da Perdição, o suficiente para ver a escuridão do túnel à frente. Se dalí sairemos, não se sabe - muito menos o que passaremos lá dentro. Ainda há tempo de se reescrever o quadro, mas mesmo este nos escapa...

- Ao som de: The Blood Brothers - USA Nails -

2 comentários:

Guilherme Alfradique Klausner disse...

Po, pensei q vc tava escutando "Stuck Pig" qndo escreveu o texto... By the way, concordo com sua visão sobre a juventude, mas resta um medo: Será que esse senso de coletividade não é específico da juventude, somente?

Oráculo disse...

Nem sempre a música que eu escuto é a do título. Só vêm a calhar. xP
Talvez seja... Mas nos resta torcer pelo contrário.