domingo, 13 de abril de 2008

Ser-me

Às vezes, eu sinto que não existo realmente. Sinto que não existe unidade em mim: eu não sou um ser humano. No meio de minhas transcedências interiores, às vezes me pego pensando se não sou somente um receptáculo; algo como um cálice, ou como uma marionete. Nesses momentos, desando a pensar se não sou escravo de mim mesmo, e se eu realmente sou - qualquer coisa, apenas ser. Nessas horas, sei que meus olhos mudam de tom (ou pelo menos de expressão) e começo a ver o mundo de outra forma, completamente paradoxal à anterior; sei que minha boca não profere mais minhas palavras, mas sim de alguma outra entidade que em mim habita. Às vezes, me sinto prisioneiro de múltiplas personalidades que coexistem dentro de minha cabeça, todas competindo por maiores tempos de emersão; como se eu fosse apenas o meio de todas essas diferentes personas habitarem o mundo em espaços de tempo aleatórios. Apenas o corpo físico daquela que vence todas as outras e impera sobre essa estrutura bípede, enquanto esta não for revogada de volta à batalha, e o ciclo recomeçar. Já ouvi de algumas pessoas que meu problema não é a minha volatilidade ou meus acessos de psicose, e sim um quadro de dupla-personalidade. Às vezes, penso com meus botões - e com as vozes conflitantes - se realmente é esse o meu problema. E penso escondido delas se seriam apenas duas.

- Ao som de: The Number Twelve Looks Like You - Category -

Um comentário:

Smokey Mcpot disse...

A Sra. Oráculo me contou o que ocorreu contigo na tua casa ontem se seu estado hoje.
Realmente, não é de se admirar que você não esteja se sentindo você mesmo.

Agora, falando alguma coisa racional: Sei como você está se sentindo. Agora eu me sinto mais eu mesmo, mas até a pouco tempo estava me sentindo como um estranho vivendo a vida de outra pessoa.
Vai passar, acredite.