domingo, 29 de julho de 2007

Cama Desfeita (Parte Um)

Bom, pra fechar as férias com elegância, estarei postando nesses últimos dois dias meus dois poemas favoritos de autoria própria. Não que eu me ache tão talentoso assim, mas acho que essas férias merecem uma cerimônia apropriada para seu desfecho.

---

O primeiro, e mais recente dos dois, é um soneto que escrevi para usar em uma das músicas da minha banda. É um dodecassílabo, com sílabas tônicas na segunda, quinta e décima segunda sílabas de cada verso. Batizei-o (assim como a música que o contém) de Revolvering Sonnet.

---

Fizestes velada o que quisestes sonhando
Na noite calada, mascarastes o plano
Manteves de mim os teus segredos em cando
Abriste tuas asas negras, pluma e melasmo.

E de olhos fechados, desferistes o beijo
Com cheiro de pólvora, que tira-me o sono
Na pele sedosa, marca à fogo o desejo
De achar-te tão pura, tão carente marasmo.

Vasculho este breu por tua brisa perfumada
O cheiro da orquídea, minha amante roubada
Dissolve no vento de soluço e espasmo.

Pois saiba que sofro ainda de nossa contenda
Acima de tudo, porém, quero que entenda
Porque, do soneto, fez-se estéril sarcasmo.

---

Espero que seja do agrado de vocês.

- Ao som de: Sonic Youth - Unmade Bed -

Nenhum comentário: