terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Legião

A ignorância é uma benção. Saber demais tira o mistério das coisas, a magia do simples, o charme de simplesmente ser. Deixar as ondas baterem na areia. Não construir castelos com ela. Ser, por si só, talvez seja uma boa idéia. Deixar as ondas baterem nos castelos, afogar cisnes nas águas geladas do mar. Talvez não seja a hora de falar sobre isso. Ainda não é tempo, trepidante tempo. Uma pessoa em singular. Deixe estar, deixe-me ser, eu mesmo. Como se fosse um (uma pessoa em singular) e não outro. Deixe estar no fundo do oceano. Hoje à noite faremos nossas camas no fundo do oceano. Como velhos amigos. Como grandes inimigos. Como completos desconhecidos. Como o Sol e a Lua. Seremos mais por menos. Sejamos sinceros. Vejo um começo que se confunde com o fim, que retoma o meio, e este, não sabe aonde quer chegar. Hoje sou mais eu do que antes. Mais "eus" do que antes. Deixar as ondas baterem nos pés enterrados na areia. Aonde começa? Existe um fim? Afogar sentimentos na água gelada da solidão. Só um arranhão a morder a pele, uma gota de sangue pra convidá-los. E eu viro meu rosto da platéia, enquanto minhas costas se sentem cada vez mais compelidas. Dizer. Não sentir. Só uma vítima dividida. Uma parte para os lobos. Uma parte para ti. Deixar as ondas rasgarem a areia das páginas da História. Talvez eu tenha posto muita fé no acidente. Afogar tudo que floresceu sorrateiramente nas águas enganosas do mar gelado. E finalmente poderei dormir (uma pessoa em singular).

2 comentários:

Lo Scienziato. disse...

"My name is Legion, for we are many"
Título perfeito para o contexto do post

Smokey Mcpot disse...

Concordo com o dito acima.
Foda.