terça-feira, 13 de novembro de 2007

Controle?

Durante toda nossa vida, dia após dia, nos apegamos àquilo que consideramos nosso: objetos, sentimentos, indivíduos. Como um cleptomaníaco, que rouba compulsivamente porque um dia pode precisar dos objetos mais imprevistos, apropriamos-nos dessas coisas e as incorporamos em nossas vidas. Colocamos todos os aspectos de nossas vidas em um microscópio, e admitimos termos controle sobre ela dessa forma.
Mas teremos algum dia controle?
Se nascemos sem qualquer consciência ou posse, e quando morremos, retornamos ao pó de onde viemos, possuímos realmente aquilo que pensamos possuir? Nossos feitos, aspirações, bens; todos os aspectos de nossa vida são passageiros, simplesmente porque um dia, essa vida que construimos e supomos controlar milimetricamente acabará, e dela não levaremos nada. Admitimos ter controle sobre algo que nos será tomado pela própria vida que pensamos controlar, quando, na verdade, não o temos sobre qualquer coisa. Tudo o que chamamos de “nosso” é um bem que pegamos emprestado, e devolvemos na clareira do fim do caminho: sejam posses materiais, pessoas com quem nos relacionamos, desejos, ou mesmo sentimentos. Um dia, perderemos tudo que nos é querido ou odiado, necessário ou dispensável, controlado ou não.
Então, se não possuimos nada, como podemos ter medo de perder qualquer coisa?
Aniquilando o falso sentimento de controle, se elimina o medo da perda, porque o medo é gerado justamente pela perspectiva da perda do controle sobre o que pensamos ser seguro, partindo para um campo de improbabilidades e riscos. Mas essencialmente, o que é um risco, senão o medo de perder aquilo que se tem? E quando se admite a possibilidade de simplesmente não se ter, pode exister risco, ou hesitação?
Não existe. Simplesmente porque não se pode perder o que não se tem. E esse é o maior nível de iluminação que alguém pode alcançar: ver que tudo o que pensamos ter é ilusório, passageiro, e não está realmente em nosso poder. Nossa única posse são nossas próprias vidas, não os aspectos mundanos que entramos em contato durante ela. A única verdade é que tudo que pensamos ter não nos pertence, portanto, não pode ser realmente perdido.
O único controle que se pode alcançar é não ter nada a perder.

"Anemia" não é a palavra certa, mas é a primeira que me vem à cabeça.

Seis dias, e o céu começa a ficar nublado, da cor de fumaça.

- Ao som de: Brookes Brothers & Culture Shock – ReWork -

Um comentário:

Anônimo disse...

pode até ser, mais a mochila da pucca e o all star roxo ainda são MEUS.

HAIUEOHAIEHAUE

mt bom o blog, parabéns. :)